Risco de doença mental aumenta com a crise - TVI

Risco de doença mental aumenta com a crise

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O relatório do Observatório Português dos Sistemas de Saúde faz a ligação entre a conjuntura que o país vive e o aumento de depressões e comportamentos suicidas

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O Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) considera no Relatório de Primavera 2012 que a crise agrava os problemas de saúde mental e de dependências, bem como a prevalência de doenças infeciosas.

No Relatório de Primavera 2012, intitulado «Crise & Saúde: Um país em sofrimento» (veja também as conclusões do relatório sobre o impacto da crise no acesso aos cuidados de saúde ). o OPSS sublinha que os efeitos da crise socioeconómica na saúde mental «são bem conhecidos», sublinhando que as principais manifestações passam pela perda de autoestima, depressão, ansiedade e risco de comportamentos suicidas.

«No desencadear destas manifestações o desemprego e endividamento têm um papel particularmente importante», referem os autores do relatório, realçando que o risco de doença mental «aumenta com o crescente endividamento das pessoas».

Para provar este efeito, o OPSS dá como exemplo a Grécia, no período entre 2007 e 2009, quando os suicídios aumentaram 17 por cento.

Referindo-se a Portugal, o observatório cita os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) de 2010, segundo os quais os valores do suicídio (1.101) foram mais elevados do que os acidentes com transportes (1.015).

Os autores do relatório referem ainda que «existe evidência sobre a relação entre o sofrimento mental, sobretudo em situação de crise económica prolongada, e as suas repercussões físicas», influenciando o sistema cardiovascular e imunológico.

«Podem verificar-se acréscimos de risco de hipertensão arterial, enfarte do miocárdio e acidente cerebrovascular, diabetes e infeções. Este efeito é ainda mais demarcado nas classes sociais menos favorecidas», acrescentam.

Consumo de antidepressivos

O OPSS analisou igualmente o mercado de medicamentos ansiolíticos e antidepressivos de ambulatório, comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) entre 2002 e 2011, reportando um aumento de 15,3 por cento no consumo de ansiolíticos.

No que respeita ao mercado de antidepressivos, considerando o mesmo período em análise, este apresenta sempre uma evolução positiva e crescente em consumos. O valor máximo foi registado em 2011, indica o observatório no relatório a que a Lusa teve acesso.

Para contrariar esta tendência, o OPSS aponta a necessidade de mais proteção social, de políticas ativas de emprego, de mais suporte familiar, de respostas ao endividamento e de políticas relativas ao alcoolismo, uma das dependências que cresce com a crise.
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