Caso Valentina. O que sabemos sobre a morte, as provas e as testemunhas - TVI

Caso Valentina. O que sabemos sobre a morte, as provas e as testemunhas

Menina de 9 anos foi dada como desaparecida pelo pai que, ao terceiro dia de buscas, levou a PJ ao local onde tinha escondido o corpo da filha

O alerta foi dado na quinta-feira de manhã pelo pai: Valentina tinha desaparecido de casa e ninguém sabia o seu paradeiro. Mas, quando entrou no posto da GNR de Peniche a dar conta do desaparecimento da filha, Sandro Bernardo já sabia que a menina de nove anos estava morta.

Depois de três dias de buscas, que mobilizaram centenas de operacionais e populares, o pai de Valentina levou a Polícia Judiciária ao local onde tinha escondido o corpo da filha: um eucaliptal na Serra d'El-Rei, a cerca de seis quilómetros da casa de família.

Perante a confissão de Sandro Bernardo, a Polícia Judiciária emitiu um comunicado, durante a manhã de domingo, onde informava que tinha sido encontrado o corpo de Valentina e que duas pessoas tinham sido detidas: o pai, de 32 anos, e a madrasta, de 38 anos, "fortemente indiciados" pelo homicídio da criança de nove anos.

Às autoridades, Sandro Bernardo terá dito que a filha tinha caído acidentalmente durante uma discussão e batido com a cabeça, morrendo de seguida. Mas as marcas encontradas no corpo de Valentina apontam para outro cenário, assim como o testemunho do filho mais velho da madrasta da menina, que terá visto uma agressão do pai a Valentina.

A criança com cerca de 12 anos já foi inquirida pela Polícia Judiciária - que acredita na tese de "asfixia até à morte" - e o testemunho é considerado a prova mais relevante do caso da morte da menina.

Em conferência de imprensa, a Polícia Judiciária esclareceu ainda que está convicta de que a menina de nove anos foi morta em casa, num "contexto de violência" e não na sequência de um acidente, durante o dia de quarta-feira, tendo o corpo sido levado para a Serra d'El-Rei durante a noite do mesmo dia.

Para tentar esclarecer as dúvidas na fita do tempo, durante a tarde de domingo, a PJ levou os suspeitos de volta à casa onde o crime terá ocorrido. Primeiro o pai de Valentina esteve na casa para a reconstituição, seguindo-se depois a madrasta.

Quando saíram da casa, os dois suspeitos foram levados para a mata para onde o corpo foi transportado.

Em Atouguia da Baleia, o desfecho trágico deste desaparecimento espantou os populares. À TVI, uma funcionária de uma pastelaria frequentada pelo pai de Valentina disse que a menina era muito próxima do pai e que "nunca" esperavam "que o pai fizesse isso".

Mas, há também quem diga que a atitude de Sandro Bernardo durante as buscas já fazia adivinhar o seu envolvimento no crime.

“Eu via o pai a passear por aí, tranquilo. Para mim, a reação dele dizia tudo”, afirmou um dos habitantes da localidade. 

Sónia Fonseca, mãe de Valentina, reagiu ao homicídio da filha na rede social Facebook, onde agradeceu as mensagens de apoio e o trabalho das autoridades nas buscas pela filha. 

A menina residia com a mãe, mas estaria a viver com o pai no atual contexto da pandemia, para poder continuar a ter aulas online.

Valentina, que já tinha fugido de casa uma vez com saudades da mãe, não estava sinalizada pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ).

Em 2019, a menina foi sinalizada em abril de 2019, depois de ter fugido da casa do pai e ter sido encontrada pelas autoridades policiais logo de seguida. Um mês depois, o processo foi arquivado.

Sandro e Márcia Bernardo - acusados de homicídio qualificado e de ocultação de cadáver - deveriam ter sido ouvidos esta segunda-feira no tribunal de Leiria, mas o Ministério Público adiou o interrogatório pois quer ouvir os suspeitos depois de ter lido o relatório da autópsia ao corpo de Valentina. 

O interrogatório terá de ocorrer na manhã de terça-feira, tendo em conta que passam 48 horas da detenção dos dois suspeitos.

A autópsia da criança foi feita esta segunda-feira e os resultados da autópsia confirmam sinais de agressões e de violência na morte da menina.

O relatório preliminar poder-se-á juntar ao inquérito na terça-feira, sendo mais um contributo para confrontar os suspeitos sobre a forma como a criança morreu, admitiu a mesma fonte.

O crime de homicídio qualificado pode ir até à pena máxima em Portugal, ou seja, 25 anos. 

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