Um deslizamento de terras devido à chuva dos últimos dias foi a causa do descarrilamento de um comboio intercidades na Linha da Beira Alta, próximo de Mortágua, disse hoje o presidente da câmara.
Júlio Norte confirmou à agência Lusa que o acidente não provocou feridos e verificou-se já em território do vizinho concelho de Santa Comba Dão, mas “no limite dos dois concelhos”.
“O acidente não teve a ver com as obras” em curso nalguns troços da Linha da Beira Alta, acrescentou, frisando que, na sequência dos incêndios de 15 outubro de 2017, os taludes da linha e as encostas na zona estão desprovidos de vegetação, o que “tende a provocar deslizamentos” que arrastam terra, pedras e troncos.
O sábado “foi um dia em que choveu bastante”, realçou o autarca.
Júlio Norte disse que “a situação está perfeitamente controlada” e que os passageiros saíram sem problemas do comboio acidentado, estando a CP a providenciar o transbordo para autocarros.
O comboio intercidades, que fazia a ligação da Guarda para Lisboa, transportava 71 passageiros e três elementos da tripulação, segundo uma atualização da CP, que inicialmente referira haver 89 pessoas a bordo.
O comboio descarrilou hoje, por volta das 8:40, à entrada do túnel do Coval, próximo de Mortágua, “mas já no município de Santa Comba Dão”, distrito de Viseu, corrigiu Júlio Norte.
No local, encontram-se operacionais dos Bombeiros Voluntários de Mortágua e de Santa Comba Dão e responsáveis da Proteção Civil Municipal dos dois concelhos, entre outras entidades.
O descarrilamento foi da locomotiva e das duas primeiras carruagens.
A linha da Beira Alta está cortada e não há previsões de quando voltará a estar operacional.
Troço da linha onde houve descarrilamento já estava em obras
O secretário de Estado das Infraestruturas disse que o troço da linha da Beira Alta onde um comboio descarrilou hoje já estava em obras e que o talude em causa será urgentemente intervencionado.
“Já estão a decorrer obras nesses taludes. O que vai acontecer é que vamos ter de atuar já neste talude”, que motivou o descarrilamento, afirmou Guilherme W. d'Oliveira Martins à Lusa, por telefone.
Segundo o governante, de momento estão a decorrer intervenções nos taludes (planos de terreno inclinado que dá estabilidade e sustentação ao solo) da linha da Beira Alta entre os quilómetros 59 e 82,6, pelo que acidente ao quilómetro 82,1 aconteceu dentro da área em obras.
Esta situação no talude já tinha sido sinalizada, evidentemente as circunstâncias temporais agravaram a situação”, justificou.
O governante disse ainda que, além destas intervenções, a linha da Beira Alta terá “intervenções mais fortes” a partir de 2019, no âmbito do plano de investimentos Ferrovia 2020. Já este ano, acrescentou, haverá uma intervenção mais pequena no troço Guarda-Cerdeira.
Questionado sobre se as intervenções que estão a ser feitas podem estar na origem do acidente, o governante recusou, justificando que o deslizamento foi “agravado pelas condições do tempo”. Além disso, disse, naquele troço a velocidade está limitada a 60 quilómetros por hora.