1º de Maio: centenas de pessoas desfilam em Lisboa - TVI

1º de Maio: centenas de pessoas desfilam em Lisboa

Desfile, em Lisboa, é organizado pela CGTP-IN e arrancou no Martim Moniz, em direção à Alameda. Bloco de Esquerda, PCP e PS marcaram presença

Centenas de pessoas participaram este domingo no desfile em Lisboa, entre o largo do Martim Moniz e alameda D. Afonso Henriques, para assinalar o 1.º de Maio, Dia do Trabalhador, numa organização da CGTP-Intersindical.

O tradicional desfile arrancou às 15:40, a partir do Martim Moniz, na baixa lisboeta, em direção à avenida Almirante Reis, que está interdita ao trânsito nos dois sentidos, até à alameda D. Afonso Henriques, onde o secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, proferiu o seu discurso.

Nas duas faixas que encabeçavam o desfile podia ler-se: “Defender, Repor e Conquistar” e “1.º de Maio avança pela mudança”.

Entre a multidão foi possível ver-se diversas associações e sindicatos ligados aos setores da Educação, Segurança e Indústria. No desfile também marcaram presença vários representantes de vários partidos políticos.

Em outras tarjas empunhadas pelos participantes podiam ler-se palavras de ordem como “Em defesa do Ensino Público” e “Aumento dos salários e respeito pelas condições dos trabalhadores”, entre outras.

Ao longo da avenida centenas de pessoas, nos passeios, assistiam à passagem do desfile.

BE: "Nem mais um passo atrás"

A porta-voz do BE, Catarina Martins, afirmou que hoje é a primeira celebração do 1.º de Maio dos últimos anos sem perda de direitos, constituindo também o momento de afirmar que "nem mais um passo atrás".

Neste momento, vivemos num país de avanço, de dizer que nem mais um passo atrás. Queremos mais: combater a precariedade, mais emprego, mais direitos no trabalho, mais respeito pelo trabalho", afirmou Catarina Martins aos jornalistas depois de cumprimentar o secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, no desfile.

A porta-voz do Bloco de Esquerda sublinhou que "depois de muitos anos em que quem vive do trabalho perdeu sempre", hoje celebra-se o primeiro 1.º de Maio em que o salário mínimo nacional aumentou, em que os funcionários públicos viram os seus salários respeitados, em que os impostos sobre o trabalho desceram".

Isto é importante mas há muito por fazer. Em Portugal hoje a precariedade é a regra do trabalho e quem está precário é quem tem medo no local de trabalho e não está a viver a democracia como deve viver", defendeu.

Catarina Martins falava aos jornalistas acompanhada das deputadas Joana Mortágua e Isabel Pires.

"Quem está no desemprego, e há tanta gente que está no desemprego, vê negada as possibilidades de vida. Mais do que celebrar o 1.º de Maio, o 1.º de Maio é um dia em que se luta, luta-se pela dignidade, pelos direitos de quem trabalha", acrescentou.

A dirigente bloquista frisou ainda que nunca como nos últimos anos "desceram tanto os direitos e o rendimento do trabalho", ao mesmo tempo que aumentavam as desigualdades "e os ricos ficaram tão ricos, à custa de quem trabalha".

PCP diz que reposição de direitos não esmoreceu a luta 

Por sua vez, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu que a solução política de Governo que permitiu repor direitos e salários "não vem travar ou esmorecer a luta", afirmando que os avanços "ainda não são suficientes".

Foram os trabalhadores portugueses, com a sua luta prolongada durante quatro anos, que deram uma contribuição decisiva, para a derrota do governo PSD/CDS. Foi uma luta que teve depois aliado o voto da maioria dos portugueses que afastou definitivamente esse governo e encetou uma nova solução política que, ao contrário do que se diz, não vem travar ou esmorecer a luta", afirmou Jerónimo de Sousa durante o desfile da CGTP.

"Os avanços verificados, sendo importantes - e não desvalorizamos-, não são suficientes, são limitados. O resultado das eleições, a partir dessa luta, para além desse avanço de direitos, de salários, abriu uma janela de esperança a quem tanto lutou", defendeu Jerónimo de Sousa.

O secretário-geral do PCP, acompanhado por dirigentes comunistas como Francisco Lopes, sublinhou esses avanços, concretizados na "reposição de direitos, de salários, de prestações sociais", depois de um executivo PSD/CDS-PP que "infernizou a vida dos portugueses".

Nesse sentido, este maio de luta é também um maio de festejo, de celebração, de confiança no futuro", disse.

Jerónimo de Sousa defendeu que "a solução política será tanto mais duradoura conforme se responda aos anseios dos trabalhadores e do povo português".

"Este Governo pode ser mais duradouro, corresponder a expectativas, se em relação a esses direitos, em relação a essa esperança, corresponder com a sua política", afirmou, sublinhando que "a posição conjunta PS/PCP define o grau de compromisso".

"Estamos empenhados seriamente para que as coisas andem para a frente, mas como sabem, há divergências, há diferenças, que podem determinar muito do futuro. Mas o nosso posicionamento é claro: esse grau de compromisso será honrado pelo PCP, afirmando a nossa autonomia, as nossas diferenças, mas acho que isso é salutar, porque não há engano de qualquer uma das partes", acrescentou.

 

PS diz a Arménio Carlos que “é bom festejar” em “clima de compromisso” 

A secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, também esteve em Lisboa em representação dos socialistas no desfile do 1.º de Maio, cumprimentando Arménio Carlos antes de o dirigente sindical integrar a ‘cabeça' da manifestação, mas a saudação prolongou-se por quase cinco minutos de diálogo em frente aos jornalistas.

Ana Catarina Mendes disse ao líder da CGTP-IN, Arménio Carlos, que "é bom festejar" o 1.º de Maio "em clima de compromisso" e de "reforço do diálogo social".

É isto que é bom, festejar Abril, festejar o 1.º de Maio, em clima de compromisso, de diálogo e de reforço do diálogo social, que é absolutamente essencial", disse Ana Catarina Mendes a Arménio Carlos.

"Agradecemos a vossa participação, como é hábito. Contamos com o PS para esta mudança que é necessária", disse a terminar Arménio Carlos.

No início da conversa, o secretário-geral da Intersindical prometeu ao PS "apoio para lutar contra todas as ingerências" e uma advertência: "Não podemos é dar margem de manobra para cedências em relação a algumas matérias, a contratação coletiva, a questão dos salários, a precariedade", disse.

Ana Catarina Mendes respondeu que o dia de hoje é bom para afirmar a necessidade de reforço do sindicalismo e também vincar o virar "da página da austeridade, do sufoco em que as pessoas estavam".

"Hoje, nós podemos dizer que a valorização da concertação social, a reposição dos direitos, a reposição de salários, a valorização do salário mínimo nacional - aumentámos para já o que é possível aumentar -, são conquistas muito importantes", declarou Ana Catarina Mendes, acompanhada pela deputada Maria Antónia Almeida Santos.

Sempre em diálogo com Arménio Carlos, a dirigente socialista continuou: "Em terceiro lugar, estou de acordo consigo, temos de resistir às pressões internacionais, mas isso não significa rompermos os compromissos com a Europa, significa encontrarmos as melhores plataformas que defendem os nossos trabalhadores e o estado social".

Ana Catarina Mendes sublinhou ainda o empenho do Governo e dos socialistas para "encontrar formas de combater a precariedade" laboral.

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