Educação Física pode voltar a contar para a nota no acesso à faculdade - TVI

Educação Física pode voltar a contar para a nota no acesso à faculdade

Ministério ainda está a estudar a revogação da decisão de Nuno Crato. A notícia foi, no entanto, recebida com agrado por entidades ligadas ao desporto. Até agora, a nota só contava para aqueles que seguissem Desporto no ensino superior

 O Ministério da Educação ainda está a analisar a possibilidade de a avaliação da disciplina de Educação Física voltar a ser contabilizada para a média de acesso ao ensino superior e conclusão do secundário.

Com o objetivo de valorizar a disciplina de educação física, o ministério está a trabalhar em parceria com as associações de professores daquela área sobre a gestão do currículo da disciplina.

“Depois desta ampla discussão sobre a gestão do currículo no seu todo, qualquer alteração que eventualmente se possa produzir só terá efeito - para os alunos que entrarem no décimo ano - após a publicação da legislação relevante”, explicou à Lusa o Ministério da Educação.

Assim, caso a medida avance, será aplicada de forma gradual: num primeiro ano apenas aos alunos que frequentam o 10.º ano; no seguinte, aos do 10.º e 11.º e, finalmente, aos três anos do ensino secundário.

A decisão de a nota de Educação Física deixar de contar foi decidida pelo anterior ministro da Educação, Nuno Crato, que manteve o peso da disciplina apenas para os alunos da área.

O eventual regresso ao anterior sistema foi conhecido este fim de semana durante o simpósio “Mais exercício, maior sucesso escolar, melhor futuro”, durante o qual vários especialistas sublinharam a importância do exercício físico para a melhoria das funções executivas e cognitivas dos alunos.

A Educação Física, por ser uma disciplina curricular e por se estender desde o pré-escolar até ao 12.º ano, acaba por ser a única forma de chegar a todas as crianças e jovens.

No entanto, vários especialistas têm alertado para as falhas que existem em muitas escolas do 1.º ciclo e para a desvalorização de que foi alvo no ensino secundário.

Entre os especialistas presentes no simpósio, houve quem tivesse reforçado o valor do desporto no combate à indisciplina e na promoção do sucesso escolar.

Na Dinamarca, por exemplo, os alunos de todas as escolas públicas do ensino obrigatório têm, no mínimo, 45 minutos diários de atividade física.

Notícia foi bem recebida

O anúncio do regresso da validade da nota de Educação Física para o acesso ao ensino superior, feito pelo secretário de Estado da Educação, João Costa, foi recebido com agrado por diversas figuras do Desporto.

À margem da apresentação do “Memorando de Entendimento – Promoção da Ética Desportiva”, que visa reforçar o compromisso na luta contra a antidopagem, José Lima, coordenador do Plano Nacional de Ética no Desporto (PNED), enalteceu a importância desta medida do Governo.

“É uma excelente notícia. Esperemos que realmente se concretize, porque a Educação Física, para além da dimensão motora, transmite também um conjunto de valores educativos e é por isso que está na escola. Estes valores são fundamentais para o desenvolvimento integral da criança e do jovem, não podemos afunilar o conhecimento só para áreas como o Português ou a Matemática. Temos de apostar no desenvolvimento integral e harmonioso da criança e do jovem”, disse à agência Lusa o responsável do PNED e um dos promotores deste memorando.

Igualmente presente esteve o presidente da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), Rogério Jóia, que defendeu a adoção desta norma: “É fundamental e indispensável dar à Educação Física o verdadeiro valor que ela tem. Penso que só poderia haver esta alteração no sentido das pessoas perceberem claramente a importância que a condição física tem não só para o atleta, mas também para o desenvolvimento da pessoa humana”.

Por fim, Nuno Delgado, ex-judoca olímpico e chefe da equipa técnica da Federação Portuguesa de Judo, assumiu sentir “muita alegria” por voltar a ver a nota da disciplina de Educação Física ser contabilizada na média de acesso às universidades.

“Olho com muita alegria, porque tenho formação nessa área da Educação Física e sempre considerei que esse foi um erro grave para a formação da educação portuguesa. Fico bastante satisfeito e expectante que a este passo se sigam outros passos necessários para que consigamos potenciar verdadeiramente o desporto na formação dos cidadãos”, referiu, depois de assinar juntamente com a judoca Joana Ramos a “Declaração Antidopagem Treinador - Atleta”, integrada no memorando de entendimento de promoção da ética desportiva.

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