O Dilema: "Superliga Europeia nasce com um código genético completamente absurdo” - TVI

O Dilema: "Superliga Europeia nasce com um código genético completamente absurdo”

  • João Guerreiro Rodrigues
  • 21 abr 2021, 00:00

A Superliga Europeia foi o tema que marcou o debate desta terça-feira, em O Dilema

Continua a gerar polémica a Superliga Europeia, que coloca contra a UEFA e contra a FIFA um grupo de 12 clubes que pretendem criar um circuito fechado entre os maiores clubes europeus.

Todos os clubes ingleses que estavam presentes na criação do polémico projeto já anunciaram a sua saída.

O gestor José Pedro Rodrigues confessou não estar surpreendido com o desfecho que o projeto aparenta estar a tomar, mas, como alguém conhecedor desta realidade, considera que a movimentação terá sido um “gesto político” por partes destas sociedades desportivas, para “marcar uma posição”.

Estamos em confronto com dois modelos de gestão desportiva. Um que está subjacente ao futebol europeu e que é o que as pessoas querem (…). E o modelo americano, que é um modelo empresarial que é feito à base dos clubes que estão concentrados numa associação e desenvolvem o seu modelo de negócio”, explicou.

José Pedro considera que o nascimento da Taças das Nações foi um momento chave neste processo, que, na altura da sua criação, considerou tratar-se de “uma bomba relógio”, uma vez que o seu objetivo é o de colmatar em termos económicos a falta de competição das seleções.

Daniel Sá, especialista em Marketing Desportivo, acredita que nós estamos apenas no “primeiro excerto” daquela que, na sua opinião, será “uma longa metragem”. Recordou ainda que a ideia não é nova e que basta recordar as propostas feitas por Silvio Berlusconi, enquanto presidente do AC Milan.

Esta ideia acabou por nunca vingar. Acho que vingou neste momento porque tivemos uma pandemia que arrasou as finanças dos clubes europeus e, claro, tivemos um gigante norte-americano a financiar tudo isto, por detrás”, explicou.

O especialista considera ainda que o futebol é uma “modalidade muito conservadora” e não se tem adaptado eficazmente ao modelo de captação de atenção, utilizado por outras indústrias de lazer.

Temos competições a mais, jogos desinteressantes a mais. Temos miúdos que não conseguem ver 200 minutos de jogo seguidos. Temos uma modalidade que se está a tornar aborrecida e isso devia levar a pensar toda a indústria”, explicou.

Rogério Alves confessou-se um “apaixonado do futebol”, no entanto, sublinha que não é uma pessoa que está nos meandros do futebol. Ainda assim, considera que, para quem observa de fora, toda esta situação tem “um quê de patético”.

Nós fomos convidados para um batizado, quando chegamos já estamos no velório. Foi uma coisa um bocadinho precoce”, brincou. “Isto foi algo que correu francamente mal.”

O comentador da TVI disse ainda que, apesar de não conseguir prever o futuro, não ficaria agradado com uma mudança para um modelo americano, onde “ninguém sobe e ninguém desce”.

Não gosto dessa plasticidade do futebol”, frisou.

Também Miguel Guedes se manifestou contra a ideia, sublinhando que esta competição nasceu “com um código genético completamente absurdo”. O comentador sublinha ainda que os clubes britânicos saíram do projeto fruto da pressão feita pelos adeptos britânicos, porque perceberam que os adeptos não iriam “comprar” este modelo competitivo.

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