Algarve: distribuição de fruta na praia abre polémica - TVI

Algarve: distribuição de fruta na praia abre polémica

Onda de calor (foto de arquivo)

Autoridades não autorizaram campanhas por considerar que se trata de publicidade. DGS critica decisão e dá exemplos de anúncios em produtos menos saudáveis nas areias algarvias

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A Direcção-Geral de Saúde (DGS) criticou esta quarta-feira a «dualidade de critérios» das autoridades que proibiram a distribuição de fruta nas praias algarvias, garantindo que a campanha contra a obesidade é «um case study» a nível europeu.

O Coordenador da Plataforma contra a Obesidade, João Breda garantiu à Lusa que não se trata de uma campanha publicitária nem como tal foi apresentada no requerimento à Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR), apesar de contar com um patrocinador.

«Não é verdade que seja publicidade, trata-se isso sim de um patrocínio na lógica da responsabilidade social», afirmou o coordenador, explicando que «a Galp não tem nenhuma clínica contra a obesidade».

Campanha já é «case study»

Este tipo de apoio de uma empresa a uma acção contra a obesidade dos portugueses é encarado pelo responsável da DGS como «único a nível europeu» e até um «case study». «É portanto natural que ainda não se entenda bem o que isto significa», acrescentou João Breda, sublinhando que a petrolífera «está a devolver à sociedade muito do que dela tem beneficiado».

Criticando o critério que levou à interdição, o responsável da DGS evocou outro tipo de campanhas permitidas nas praias algarvias, como o da venda de borlas de Berlim em caixas com o logótipo de uma empresa de telecomunicações.

«A publicidade no âmbito da venda das bolas de Berlim, que contribuem para a obesidade, são permitidas, mas distribuir peras nas praias já não é», lamentou. «Temos o objectivo de promover a alimentação saudável e a luta contra a obesidade, não de vender o que quer que seja», enfatizou.

Nem peras, nem maçãs

João Breda criticou também a proibição de uma outra acção nas praias algarvias, da Associação de Produtores de Maçãs de Alcobaça, que se propunha distribuir fruta nos areais. «Proibir a oferta de maçãs é mau, porque o consumo de fruta reduz o risco de obesidade», advogou, sublinhando que, naquele caso, se tratava de uma campanha de uma associação de produtores e não de uma empresa.

«Os agricultores portugueses estão a dar fruta às pessoas na praia e proíbe-se?», questionou.

«Qualquer dia a praia é uma feira

Por seu turno a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve assumiu a responsabilidade da interdição, argumentando que a acção foi apresentada como uma campanha publicitária, o que é proibido pelos Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) da região.

Sebastião Teixeira, chefe da Divisão de Serviços do Litoral da CCDR algarvia, assegurou à Lusa que ambas as campanhas deram entrada naqueles serviços como «publicidade». «Não somos nós que temos que dizer às pessoas que aquilo não é publicidade, eles é que têm que saber o que requerem», disse.

«Se permitirmos todo o tipo de campanhas publicitárias que nos pedem qualquer dia a praia é uma feira», disse, sublinhando que «os sponsors não são altruístas».
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