As despesas com o aborto no SNS «apontadas» nos últimos dias «não têm qualquer rigor» e 70% das mulheres que interromperam a gravidez nos hospitais do Estado em 2010 não têm rendimentos altos, esclareceu hoje a Direcção-Geral da Saúde.
Numa nota enviada à comunicação social, assinada pelo director-geral da Saúde, Francisco George, lê-se que «as despesas apontadas por alguns pretensos estudos - relativas ao aborto no Serviço Nacional de Saúde - não têm qualquer rigor».
A nota prossegue sublinhando que, «aliás, trabalhadoras não qualificadas (19%), estudantes (18%), desempregadas (17%) e agricultoras, operárias e artífices (16%), que constituem a grande maioria das mulheres (70%) que optaram por uma interrupção da gravidez em 2009, não auferem, seguramente, um salário médio de mil euros, como alguns fazem crer».
Após entregar na Assembleia da República uma petição, a presidente da Federação Portuguesa pela Vida, Isilda Pegado, disse, na quarta-feira, que o Estado já gastou 100 milhões de euros com o aborto desde que foi legalizado em Portugal, há quatro anos.
A petição, com 5.700 assinaturas (são necessárias 4.000 para discussão em plenário), visa rever a regulamentação da lei do aborto, para «melhorar» o seu enquadramento.
A federação reclamou também uma avaliação do que tem acontecido desde que foi legalizado o aborto, justificando que até hoje não foi feita a reflexão prometida ao fim de dois anos. Tomou, por isso, a iniciativa de entregar um estudo ao presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, segundo o qual o aborto em Portugal é «frequente, ilegal e inseguro».
A federação citou dados da DGS, segundo os quais foram realizados 56.239 abortos desde Julho de 2007 até ao final de Agosto de 2010, mas Isilda Pegado acredita que o número real de abortos «feitos a pedido» da mulher é superior a 60 mil.
Isilda Pegado criticou depois os «milhões que o Estado está a gastar», quando retirou o abono de família a muitos agregados e aplica elevados descontos a quem fica em casa doente ou a tratar dos filhos. Segundo as contas da federação, por ano «gastar-se-á mais de 27 milhões de euros com o aborto legal» em Portugal.
A federação alega que o número de abortos tem vindo a aumentar, manifestando também «preocupação com a reincidência» e a manutenção de práticas ilegais.
Na nota hoje divulgada, a DGS esclarece que os dados referentes à interrupção da gravidez em 2010 serão apresentados no fim do primeiro trimestre de 2011.
Francisco George: Despesas relativas ao aborto não têm qualquer rigor
- tvi24
- 10 fev 2011, 20:35
O director-geral de Saúde contesta o estudo que indica que 70% das mulheres que interromperam a gravidez nos hospitais do Estado têm rendimentos altos, numa resposta à Federação Portuguesa pela Vida
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