Ministra da Saúde admite "regressão no processo de desconfinamento" - TVI

Ministra da Saúde admite "regressão no processo de desconfinamento"

  • Henrique Magalhães Claudino
  • Com Lusa
  • 15 jun 2020, 15:03

Na conferência de imprensa diária, a ministra da Saúde afirmou que "podemos pensar em medidas de maior confinamento, ou de aperto em determinadas áreas", rejeitando a necessidade de aplicar medidas generalistas

A ministra da Saúde Marta Temido admitiu esta segunda-feira uma regressão no processo de desconfinamento, caso os números de vítimas mortais voltem a registar uma subida drástica e os serviços de cuidados de saúde sofram um grande aumento da procura.

"Podemos pensar em medidas de maior confinamento ou de aperto em determinadas áreas", afirmou Marta Temido na conferência de imprensa diária, sublinhando que não vê necessidade em aplicar medidas generalistas quando os focos são "muito específicos".

Portugal ultrapassou a marca de um milhão de testes de despiste à Covid-19 no domingo. De todos, 6,5% testaram positivos. Marta Temido destacou ainda que "45,2% dos testes foram feitos no setor público", sendo que 39,3% incidiram no privado e 15,7% foram reportados na categoria “outros”.

A ministra destacou também a quantidade de testes que têm sido realizados na região de Lisboa e Vale do Tejo e que desde há um mês se tem registado um acréscimo de casos de contágio (alguns dias têm sido quase a totalidade dos novos casos do pais), referindo que entre maio e junho “foram realizados 4.600 testes por dia, ou seja, mais mil diários do que no mês de abril”.

Desde há um mês que tem havido um acréscimo do número de testes e temos levado a cabo várias operações de testagem massiva e uma operação de rastreio entre 30 de maio e 06 de junho nos concelhos de amadora, Sintra, Loures, Odivelas e Lisboa e deste esforço intensivo de testes resultou uma melhor identificação dos novos casos e um melhor conhecimento da doença e adequado encaminhamento”, afirmou.

O rastreio realizado nos concelhos de Lisboa e Vale do Tejo incidiu em determinadas áreas económicos e foram realizadas 14.117 colheitas de amostras de material biológicos, das quais 731 tiveram resultado positivos (5,1%).

Destas colheitas, 93% dos casos já estão plasmados nos números fornecidos pelo boletim epidemiológico.

Além desta operação de testagem especifica, outros rastreios foram realizados, por iniciativa de entidades empregadoras particulares e “tiveram impacto no número do país”.

Marta Temido destacou também o trabalho do gabinete regional de intervenção para a supressão da covid-19 de Lisboa e Vale do Tejo e que serão dadas informações nos próximos dias.

Portugal regista 1.520 mortes relacionadas com a Covid-19, mais três do que no domingo, e 37.036 infetados, mais 346, segundo o último boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

A ministra da Saúde indicou que a média de óbitos na última semana foi de 5,4, um valor que se traduz numa queda na mortalidade tendo em conta a média de 10 óbitos na penúltima semana e  de 12 na antepenúltima

Sobre a suspensão das atividades nos centros de saúde em Lisboa e Vale do Tejo, Marta Temido anunciou que a mesma será retomada na próxima semana, caso os números de novos casos se mantenham estáveis.

“Resulta da observação dos números de atendimento na área dedicada à doença Covid-19 dos cuidados de saúde primários e do número de internamentos por Covid-19 nas áreas hospitalares destas regiões mais afetadas que a utilização dos mesmos se mantém estável com tendência decrescente. A manter-se este contexto será possível retomar a atividade suspensa no início da próxima semana, o que se antevê e se deseja”, afirmou Marta Temido.

Segundo a ministra, a atividade hospitalar não urgente nos hospitais de Lisboa e Vale do Tejo, nomeadamente nos hospitais de Lisboa, Amadora e Loures, será retomada, “apesar dos números dos novos casos se manterem persistentemente nos 200/300 novos casos por dia”.

A decisão de suspender a atividade não urgente nos hospitais foi tomada em função "da incerteza" quanto à evolução da situação de contágio na região de Lisboa e Vale do Tejo.

As unidades de saúde que viram suspensos os serviços não urgentes são os centros hospitalares em Lisboa Norte, Lisboa central e Lisboa ocidental, o Hospital Fernando da Fonseca, na Amadora, e os hospitais de Cascais e de Loures.

Com o desconfinamento, alertou a ministra há um "risco de ressurgimento da doença e uma ligeira subida de transmissão", algo que está em linha com o que aconteceu noutros países.

Ao acompanharmos o RT, verificamos que está agora ligeiramente abaixo de 1. Para Lisboa e Vale do Tejo estava, até 11 de Junho, em 0,97", explicou Marta Temido, salientando que "com as medidas de desconfinamento o valor poderá ficar um pouco acima".

O plano para o combate ao novo coronavírus nesta fase passa por garantir a proteção dos mais frágeis e evitar uma subida nas vítimas mortais, garantindo uma capacidade de resposta por parte do SNS. 

 

 

 

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