"Portugal não estava preparado para uma epidemia desta escala", diz Governo - TVI

"Portugal não estava preparado para uma epidemia desta escala", diz Governo

O secretário de Estado da Saúde admitiu que Portugal não estava preparado para uma "epidemia desta escala". Graça Freitas garantiu que a Direção-Geral da Saúde não está a ocultar testes em nenhuma região do país e o que existe é uma demora na comunicação dos novos surtos ou dos novos casos por parte das autoridades de saúde regionais

O secretário de Estado da Saúde admitiu que Portugal não estava preparado para uma "epidemia desta escala". António Lacerda Sales disse que a prioridade do Governo e das autoridade de saúde sempre foi proteger vidas, mas que a resposta eficaz não depende só do Estado, mas também da responsabilidade individual de cada um.

Nunca negámos que Portugal, bem como outros países, não estava preparado para uma epidemia desta escala, com estas características e da qual, mais de seis meses depois do primeiro caso,ainda há muito para descobrir”, disse esta segunda-feira na conferência de imprensa sobre a evolução epidemiológica de Covid-19 no país.

Na mesma linha, Graça Freitas reforçou que devemos estar "muito orgulhosos" do caminho que temos feito.

Lacerda Sales desvalorizou o facto de Lisboa e Vale do Tejo continuar a ser a região com o maior número de novos casos de infeção, dizendo que existe uma "estabilidade" dos números com "uma tendência decrescente”.

"O delay dos testes não é de todo preocupante"

Questionados sobre o tempo para comunicar o resultado dos testes, Fernando Almeida, presidente do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), esclareceu que muitos dos destes são realizados noutras regiões e carecem de ser transportados para os laboratórios.

Não é fácil fazer os testes e dá-los imediatamente. Entre a colheita e o teste ainda vai algum tempo, porque muitos deles são feitos noutras regiões", explicou.

Lembrou que existem laboratórios que não trabalham à noite e que isso pode gerar algum atraso, porém afirmou que "o delay dos testes não é de todo preocupante", salvo raras exceções. 

Fernando Almeida disse também que são, neste momento, 94 os laboratórios a realizar testagens tanto ao nível público, privado ou académico e que Portugal é dos países europeus que mais testa.

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DGS garante que não está a esconder número de casos

Graça Freitas garantiu que a Direção-Geral da Saúde (DGS) não está a ocultar casos em nenhuma região do país e o que existe é uma demora na comunicação dos novos surtos ou dos novos casos por parte das autoridades de saúde regionais.

Não tem nada a ver com esconder casos. O nível de casos reportado a nível nacional é o número do qual temos conhecimento”, assegurou.

Referiu ainda que Portugal vai fazendo afinamentos todos os dias e que está a tentar encontrar uma sintonia entre os resultados regionais e os resultados nacionais.

O método nacional é um, o método regional  é outro e todos os dias vão existir discrepâncias que são atenuadas ao longo dos dias. Vamos ter de viver aqui, e em todos os países do mundo, com estas diferentes fontes de informação. São as mesmas pessoas, mas sabemos em tempos diferentes".

Graça Freitas frisou que o número total de casos confirmados fornecidos diariamente ao país “é fiável” e que nos últimos meses melhorou na forma como “é extraído compilado e rapidamente transmitido a todos os portugueses e a nível internacional”.

O secretário de Estado da Saúde também admitiu a necessidade de melhorar a integração das plataformas de registo e notificação de doentes infetados com o novo coronavírus.

Precisamos de uma melhor integração de plataformas, nomeadamente o Sinave Lab, o Sinave Med e o Trace Covid, para termos uma radiografia mais fina da situação. E estamos a trabalhar nisso, enquanto se continua a combater a pandemia em direto”.

O balanço diário da DGS reflete os dados que são introduzidos nas duas vertentes da plataforma denominada Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (Sinave), mas por vezes essa notificação é feita com algum atraso.

Questionados sobre se o Governo, em conjunto com as autoridades de saúde e Proteção Civil está a equacionar 'fechar' Reguengos de Monsaraz, António Lacerda Sales deixou claro que essa hipótese não está a ser equacionada.

Disse ainda que não está prevista um pedido de ajuda externa, mais concretamente ao Hospital de Badajoz, para aceitar o internamento de doentes com Covid-19, mesmo em Unidade de Cuidados Intensivos.

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A diretora-geral da Saúde aproveitou também para chamar à atenção para a necessidade de hidratação dos mais idosos e das crianças, devido ao forte calor que se tem feito sentir desde sexta-feira. Apelou aos portugueses para que estes mantenham as casas frescas, para não haver uma descompensação de doenças e, eventualmente, a necessidade de internamentos.

O grande apelo que nós fazemos é para que as pessoas, sobretudo as mais vulneráveis, se hidratem, que se protejam do calor intenso, que utilizem roupa adequada e que arejem as suas habitações”, sublinhou.

 

São conselhos genéricos, todos nós os conhecemos, mas nestas alturas em que estamos preocupados com a covid-19 e com a epidemia, não podemos descorá-los”, acrescentou.

Portugal registou mais seis mortos e 232 novos casos de infeção por Covid-19 nas últimas 24 horas, de acordo com o último boletim da DGS.

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