Sarampo: a vacinação nos bebés com menos de um ano - TVI

Sarampo: a vacinação nos bebés com menos de um ano

  • Sofia Santana
  • com Lusa
  • 19 abr 2017, 15:53
Vacina (Reuters)

A primeira dose da vacina contra o sarampo é tomada aos 12 meses de idade e a segunda aos cinco ou seis anos de idade. No entanto, em determinadas condições, a vacina pode ser aplicada mais cedo. A DGS informou que já há muitas crianças com menos de um ano a serem vacinadas

A administração da vacina VASPR (vacina combinada contra o sarampo, a parotidite epidémica e a rubéola) é a principal medida para prevenir e combater o sarampo. A primeira dose é tomada aos 12 meses de idade e a segunda aos cinco ou seis anos de idade. No entanto, em determinadas condições, a vacina pode ser aplicada mais cedo. E como confirmou o diretor-geral da Saúde, Francisco George, já há muitas crianças com menos de um ano a serem vacinadas para controlar o surto.

De acordo com a norma da Direção-Geral da Saúde “Procedimentos em unidades de saúde - Programa Nacional Eliminação Sarampo”, publicada a 12 de abril, a vacinação pode acontecer entre os seis e os 12 meses de idade nos seguintes casos : em “situação de viagens, de pós-exposição a um caso ou no âmbito de atividades adicionais de vacinação (diminuição de suscetíveis e/ou controlo de surtos)”.

O documento destaca que, perante casos ou surtos de sarampo, uma dose da vacina pode ser aplicada a crianças que ainda não tenham um ano, entre os seis e os 12 meses. Esta é considerada a “dose zero”, devendo depois a dose 1 ser administrada aos 12 meses, “respeitando um mínimo de quatro semanas entre as doses”.

Nas situações em que as crianças não podem tomar a vacina por razões clínicas, a DGS sublinha que se deve “considerar a imunização passiva pós-exposição com imunoglubulina humana, até seis dias após exposição”.

Ora, nesta quarta-feira, o diretor-geral da Saúde, Francisco George, informou que já há muitas crianças com menos de um ano a serem vacinadas contra o sarampo e outras a serem protegidas com imunoglubulina humana, para controlar o surto.

"São muitas já as crianças que fizeram a vacina antes dos 12 meses e que foram submetidas a tratamentos protetores de caráter preventivo com imunoglobulina."

De resto, a DGS pondera baixar a idade da primeira dose da vacina para antes dos 12 meses. 

Uma jovem de 17 anos morreu esta quarta-feira com sarampo, no Hospital D. Estefânia, em Lisboa. Numa conferência de imprensa conjunta, o diretor-geral da Saúde, Francisco George, e o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, indicaram que a adolescente não estava vacinada. O sarampo estava erradicado em Portugal, mas desde o início do ano já foram confirmados 21 casos e há 18 em investigação.

A vacinação "é a opção correta"

Os especialistas reforçam o apelo: a vacinação é a melhor forma de prevenir e combater a doença.

Mas a verdade é que as vacinas não são obrigatórias e há pais que, efetivamente, não vacinam os filhos. Há aqueles que se esquecem por terem perdido a perceção do risco e há os que o fazem de forma consciente e deliberada, pelos mais variados motivos. No caso de recusa, os centros de saúde pedem aos pais que assinem um termo de responsabilidade e esta informação é registada na ficha da criança.

Para o especialista em Saúde Pública Mário Durval a vacinação é "a opção correta". E mesmo que houvesse algum problema relacionado com a vacina contra o sarampo, "o risco de não dar é muito maior".

Mesmo que houvesse algum risco, o risco de não dar [a vacina] é muito maior. Não há nada que não tenha risco", salienta.

Mário Durval defende que os serviços públicos de saúde têm as estruturas de vacinação e é através delas que devem chegar aos pais, nomeadamente para informá-los e esclarecer todas as dúvidas.

Acerca das regras existentes relacionadas com a obrigatoriedade de ministrar as vacinas, o especialista aponta que, "eventualmente, poderia haver uma legislação mais apertada do ponto de vista de responsabilizar os pais em caso de doença dos filhos por falta de vacinação, mas não é esse o caso ou, pelo menos, não se vislumbra ainda essa situação".

O sarampo é uma doença geralmente benigna, mas que pode desencadear complicações e até ser fatal.

Pelo menos 14 países europeus têm registado surtos de sarampo desde o início deste ano, com a Roménia a liderar o número de casos, com mais de quatro mil doentes em seis meses.

De acordo com o diretor-geral da Saúde, Francisco George, a Itália acaba de notificar 1.500 casos, 10% em enfermeiros e médicos, mas em 90% as pessoas a quem foi diagnosticada esta condição não estavam vacinadas.

Segundo o Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, na sigla inglesa), o número de países europeus com casos de sarampo foi crescendo no início deste ano e quase todos eles terão ligação ao surto que começou na Roménia em fevereiro de 2016.

Além de Portugal, registaram surtos de sarampo a Áustria, Bélgica, Bulgária, Espanha, Dinamarca, França, Alemanha, Hungria, Islândia, Itália, Suíça e Suécia.

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