Um milhão de diabéticos em Portugal

Actualizado às 10h15

São números avançados pelo «Estudo da Prevalência da Diabetes em Portugal», elaborado pela Sociedade Portuguesa de Diabetologia, a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal e a Direcção-Geral de Saúde: há em Portugal cerca de um milhão de diabéticos.

O presidente da Associação Protectora dos Diabéticos e coordenador deste estudo, Gardete Correia, ficou surpreendido com os dados e explica à TSF que a doença tem aumentado de forma galopante: «O que chamou mais a atenção e irá preocupar os responsáveis é o número elevado de pessoas que tem diabetes e não sabe. É um número que está no topo dos países europeus».

Preocupado, considera que se trata de um problema grave de saúde pública e que até poderá influenciar a esperança média de vida dos portugueses, caso não seja travada: «A diabetes é uma doença silenciosa, que tem crescido de uma forma assustadora, tem repercussões sociais, elevadíssimas ao nível económico e está a crescer. É um peso que estamos a carregar e que vai travar o aumento da esperança de vida que tem sido uma das grandes conquistas das últimas décadas».

A continuar com esta evolução, é possível que em 2025 Portugal «tenhamos 20% da população com a doença», calcula José Manuel Boavida, coordenador do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes.

Os números mostram uma prevalência muito acima dos últimos dados conhecidos, do último Inquérito Nacional de Saúde (2005/06), que avançavam uma prevalência de 6,5% da diabetes.

Entretanto, segundo o «Diário de Notícias», o mesmo estudo revela que a mortalidade ligada à diabetes duplicou, sendo que cada vez mais portugueses morrem por doenças ou complicações associadas à doença.

Maior prevalência nos Açores

Luís Gardete Correia explicou, entretanto, que 5,1 por cento dos diabéticos não estão diagnosticados. «É preocupante porque são pessoas que têm a doença, que está a evoluir, mas que muitas vezes só são diagnosticadas quando têm uma complicação» de saúde relacionada com a diabetes.

Comparando com outros países europeus, os números nacionais são dos mais elevados, mas Gardete Correia recordou que os dados da Alemanha e da Inglaterra já têm algum tempo, pelo que, se fossem actualizados, provavelmente ficariam ao mesmo nível das estatísticas portuguesas.

O tratamento de dados por região ainda não foi concluído, mas já se sabe que os Açores são uma das zonas com maior prevalência da doença. «Os números aparecem e agora vamos à procura das razões, que devem ser muitas. Se calhar vão desde os hábitos de vida, o tipo de alimentação, a genética das pessoas que vivem em determinadas regiões, nomeadamente nos Açores», avançou o responsável.

Este estudo foi desenvolvido de forma aleatória em 122 locais do país, atendendo à densidade populacional e zonas urbanas e zonas rurais, com uma amostra de 5.167 pessoas representativas do país inteiro.