Estes doentes fazem todos os dias 100 km quando podiam ser tratados ao pé de casa - TVI

Estes doentes fazem todos os dias 100 km quando podiam ser tratados ao pé de casa

  • BM
  • 14 mai 2019, 17:07
Hospital

Dois doentes renais vivem "a 20 e a 500 metros” de centro médico que, desde junho de 2018, tem as máquinas ligadas e está pronto a funcionar, mas que “por falta de uma convenção não pode tratar doentes"

Um movimento cívico que reivindica a abertura de um centro de diálise na Benedita estacionou em frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa, uma carrinha com palavras de ordem criticando a falta de uma convenção para iniciar os tratamentos.

Narciso Martins e Odete Gabriel são os rostos da campanha de protesto inscrita em cartazes e numa carrinha estacionada em frente do Ministério da Saúde para lembrar “os governantes que todos os dias têm que fazer 100 quilómetros para fazer um tratamento que podiam fazer ao pé de casa”, disse à Lusa António Henriques, do Centro Médico de Diálise da Benedita, no concelho de Alcobaça, distrito de Leiria.

Os dois doentes renais vivem, respetivamente, “a 20 e a 500 metros” do centro que desde junho de 2018 tem as máquinas ligadas e está pronto a funcionar, mas que “por falta de uma convenção não pode tratar doentes, denunciou o Movimento de Apoio à Abertura da Hemodiálise da Benedita.

Apoiante do movimento e primeira subscritora de uma petição reclamando a abertura do centro, Maria de Lurdes Pedro, presidente da junta de freguesia da Benedita, explicou à Lusa que estas ações “dão voz à indignação das pessoas da freguesia e dos doentes que são os maiores prejudicados com estas situação”.

A unidade da Benedita, no concelho de Alcobaça, foi construída pelo Grupo H Saúde, que há cerca de dez anos identificou "a necessidade de um serviço destes na região” onde, segundo António Henriques “pelo menos 80 pessoas necessitam de fazer tratamentos e são obrigadas a deslocar-se para Leiria, Santarém ou Gaeiras [no concelho de Óbidos]”.

Em fevereiro, o Ministério da Saúde anunciou a intenção de autorizar novas convenções com prestadores para a área da hemodiálise.

A previsão do secretário de Estado [Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos] era de dois meses, mas a formalização das convenções já tem pelo menos um mês de atraso”, disse António Henriques, justificando o “intensificar das reivindicações” por parte do Movimento de Apoio à Abertura da Hemodiálise da Benedita.

As ações de protesto foram intensificadas desde segunda-feira com a colocação de cartazes “em estradas da Marinha Grande, Alcobaça e Nazaré e nas autoestradas 1 e 8, a alertar para esta situação incompreensível”, acrescentou.

Além da carrinha estacionada em frente ao Ministério da Saúde, uma outra, com a mesma mensagem, “percorre vários locais do país para sensibilizar a população para o caso que é, como se lê na carrinha, vergonhoso”, disse ainda.

O Centro de Diálise da Benedita obteve um parecer favorável da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, a que a Lusa teve acesso e que fundamenta a necessidade daquela unidade para garantir a “prontidão, continuidade e qualidade na prestação dos cuidados de saúde”.

Mas, sem a aprovação da convenção, “continua a prejudicar-se os doentes, a gerar despesas de transporte para o Estado e a impedir a empresa de gerar 20 novos postos de trabalho”, lamentou António Henriques.

Por isso, o movimento espera que “estas ações sensibilizem quem tem poderes para desbloquear a situação e atribuir a convenção para bem das pessoas desta região”, afirmou Lurdes Pedro.

O mesmo anseia António Henriques, esperando que “a carrinha não apodreça à porta do Ministério, aguardando uma decisão”, concluiu o responsável pelo centro.

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