Morreu Amândio Silva, antifascista que integrou desvio de avião contra Salazar - TVI

Morreu Amândio Silva, antifascista que integrou desvio de avião contra Salazar

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  • 31 jan 2021, 19:24
25 de Abril

Restam agora dois sobreviventes do desvio: Camilo Mortágua e Fernando Vasconcelos

O antifascista Amândio Silva, que há 60 anos participou no desvio de um avião proveniente de Marrocos, apanhando de surpresa a ditadura de Salazar, morreu este domingo na Parede aos 82 anos, disseram amigos do antigo operacional.

“Amândio Silva já tinha problemas de saúde há algum tempo e morreu em casa”, na Parede, no concelho de Cascais, adiantou à agência Lusa um amigo do opositor à ditadura derrubada no 25 de Abril de 1974.

A mesma fonte salientou que o antigo membro do grupo que concretizou a "Operação Vagô", em 10 de novembro de 1961, “esteve nos últimos anos muito empenhado” nas atividades da Associação Mares Navegados e do Movimento Liberdade e Pensamento Crítico, esta dinamizada por Camilo Mortágua e outros democratas.

Dos seis revolucionários que integraram aquela operação, em nome da Frente Antitotalitária dos Portugueses Livres no Estrangeiro, até então desconhecida, restam dois sobreviventes: Camilo Mortágua, em Portugal, e Fernando Vasconcelos, que reside no Brasil.

Constituído por Amândio Silva, Camilo Mortágua, Fernando Vasconcelos, João Martins, Maria Helena Vidal e Hermínio da Palma Inácio, o grupo embarcou com outros passageiros no avião "Super Constellation" da TAP que naquele dia cumpria a rota entre Casablanca, em Marrocos, e Lisboa.

A operação liderada por Hermínio da Palma Inácio foi gizada por Henrique Galvão e incluiu o lançamento de milhares de panfletos, para denunciar “a farsa eleitoral que se realizaria dias depois”, descreve o Museu do Aljube – Resistência e Liberdade.

No momento em que o avião da TAP se aproximava de Lisboa, Palma Inácio entrou armado no 'cockpit', logrando os antifascistas de realizar os planos do assalto.

“O avião sobrevoa Lisboa e outros pontos do país, com o comandante José Sequeira Marcelino a comunicar à torre de controlo no aeroporto de Lisboa que voava 'sob coação'. Os panfletos são lançados por uma janela de emergência e o aparelho ruma a Tânger, onde aterra em segurança”, segundo a informação disponibilizada pelo Museu do Aljube.

Também em 1961, em janeiro, Henrique Galvão e o general Humberto Delgado tinham idealizado e posto em marcha a "Operação Dulcineia", que culminou no desvio do paquete português "Santa Maria", com 600 passageiros e 350 tripulantes, no mar das Caraíbas.

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