O especialista em proteção civil Duarte Caldeira considerou esta segunda-feira “globalmente positivas” as medidas de combate aos incêndios anunciados pelo Governo, mas alertou para a necessidade urgente da sua concretização e forma como vão ser executadas.
Do ponto de vista da resposta e das debilidades identificadas, o conjunto das medidas anunciadas são globalmente positivas, correspondendo às necessidades identificadas”, disse à agência Lusa o presidente do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil (CEIPC) e ex-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses.
Duarte Caldeira reagia às medidas anunciadas, no sábado, pelo Governo em relação à reforma nos sistemas de prevenção e combate aos incêndios depois dos fogos, que provocaram este ano a morte a mais de 100 pessoas e deixaram um rasto de destruição de casas, empresas e património florestal.
Apesar de considerar as medidas “globalmente positivas”, Duarte Caldeira chamou a atenção para a necessidade de se ter “muito cuidado” com a forma como vão ser feitas as mudanças, tendo em conta que há reformas que “carecem de tempo objetivo”, como é o caso da passagem da gestão e operação dos meios aéreos para a Força Aérea e a transformação da Escola Nacional de Bombeiros (ENB) em escola profissional.
Duarte Caldeira recordou que os oficiais das Forças Armadas já alertaram para a falta de meios e recursos disponíveis para assegurar esta missão, sublinhando que é necessário terem em consideração o período transitório.
No entanto, o mesmo responsável considerou que a melhor solução para a gestão de meios aéreos, não só para o combate a incêndios, como também a missão de segurança interna, seria a criação de raiz de uma unidade para gerir e operacionalizar os meios civis do Estado e os que são contratados.
Duarte Caldeira, que já foi presidente da ENB, referiu que é necessário primeiro identificar que tipo de bombeiros Portugal quer para depois se definir um modelo para a Escola Nacional de Bombeiros, sublinhando que o seu papel central é a formação dos bombeiros, especialmente os bombeiros voluntários.
O presidente do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil destaca a criação da unidade de missão e a profissionalização dos bombeiros, nomeadamente na primeira intervenção, além da aprovação da Estratégia Nacional de Proteção Civil Preventiva, que já tinha sido anunciada e estava a ser trabalhada no Ministério da Administração Interna.
Duarte Caldeira considerou ainda que “é importante e urgente” levar as medidas à prática e operacionalizar os objetivos, recordando que nos últimos anos foram feitos 14 relatórios sobre incêndios florestais, mas nada tem sido feito.