PJ confirma 30 buscas, um detido e 12 arguidos

(ACTUALIZADA ÀS 00h15)

A Polícia Judiciária efectuou esta quarta-feira trinta buscas a postos de trabalho e domicílios, em articulação com o Ministério Público no DIAP do Baixo Vouga, tendo as diligências abrangido «vários pontos do país (Aveiro, Ovar, Santa Maria da Feira, Lisboa, Oeiras, Sines, Alcochete, Faro, Ponte de Sôr e Viseu), tendo resultado na detenção de uma pessoa e na constituição de 12 arguidos.

Fonte policial adiantou ao tvi24.pt que o detido é administrador da O2.

O Expresso avança que o gabinete de Armando Vara, administrador do BCP, foi alvo de buscas e que o mesmo terá sido constituído arguido.

Negócio do lixo motiva buscas em grandes empresas

Aos visados foi «determinada a apresentação, oportunamente, às autoridades judiciárias para interrogatório e aplicação das medidas coactivas tidas por pertinentes».

O comunicado da PJ confirma que a investigação em curso tem como objecto a actividade de um grupo empresarial, sediado na zona de Aveiro, que, «através de um esquema organizado, terá sido beneficiado na adjudicação de concursos e consultas públicas, na área de recolha e gestão de resíduos industriais».

As diligências tiveram a colaboração de investigadores das directorias do Centro, de Lisboa e Vale do Tejo, da Unidade Nacional Contra a Corrupção e, também, elementos da UTI, tendo sido apreendidos «elementos com interesse probatório».

Filho do presidente da REN confirma que é arguido

O advogado Paulo Penedos, filho do presidente da REN, confirmou à «Lusa» ter sido constituído no âmbito deste processo.

«Fui constituído arguido porque sou advogado de uma das empresas de Aveiro, a SCI. Acrescento que a empresa presta vários serviços de consultoria jurídica a diversas empresas, entre as quais a PT, reiterando que esta empresa nada tem que ver com o processo em causa», refere.

A Judiciária efectuou buscas esta quarta-feira em postos de trabalho de várias empresas nacionais como a REFER, a REN (Rede Eléctrica Nacional), GALP e EDP, soube o tvi24.pt junto de fonte policial.

O caso incide sobre um grupo económico de Aveiro, que integra a empresa O2, Tratamento e Limpezas Ambientais S.A, dedicada à gestão e tratamento de resíduos, refere a fonte policial.

Vários gestores e quadros de empresas são suspeitos de favorecer a empresa aveirense na adjudicação de contratos na área da gestão de resíduos, mediante a solicitação daquela.

Estão em causa indícios de crimes de associação criminosa, corrupção, tráfico de influências e falsificação de documentos.

PGR diz que processo é investigado «há bastante tempo»

O procurador-geral da República afirmou esta quarta-feira que as buscas realizadas em todo o país, visando gestores e quadros de várias empresas públicas ou participadas pelo Estado se inserem num processo «complexo» «investigado há bastante tempo», seguramente há mais de um ano, estando em causa crimes económicos.

Sem mencionar os envolvidos no processo, Pinto Monteiro adiantou apenas que o caso está a ser investigado pela PJ e pelo Ministério Público, sendo que as autoridades tentam fazê-lo «com o menor aparato possível».

«Há um processo cuja base é a suspeita de corrupção e esse processo abrange variadíssimas empresas e sociedades. Estão a ser feitas investigações ao nível de todo o país, mas como maior incidência em Aveiro», precisou.

O magistrado confirmou ainda que estão em causa pessoas e não as empresas onde as buscas decorreram.

«Muitas vezes, podem fazer-se buscas para obter elementos e podem as sociedades aonde se fazem a busca nada terem a ver com o processo em si», rematou.