O Dilema: terão as televisões generalistas falhado na gestão noticiosa da pandemia? - TVI

O Dilema: terão as televisões generalistas falhado na gestão noticiosa da pandemia?

O convidado Eduardo Paes Ferreira e os comentadores da TVI Miguel Guedes, Joana Amaral Dias e Rogério Alves analisaram o conteúdo da carta aberta dirigida às televisões generalistas a propósito da forma como tem sido noticiada a pandemia em Portugal na TVI24

Um grupo de cidadãos publicou no jornal Público uma carta aberta dirigida às televisões generalistas que critica a gestão noticiosa que tem sido feita da pandemia de covid-19, em Portugal.

Entre os assinantes está o advogado Eduardo Paes Ferreira, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que esteve, esta terça-feira, no programa O Dilema, na TVI24, juntamente com os comentadores da TVI Miguel Guedes, Joana Amaral Dias e Rogério Alves.

Paes Ferreira considera que as televisões por vezes foram longe de mais na cobertura da pandemia de covid-19 e que se esqueceram das boas maneiras.

De repente, as televisões, numa sucessão de ver quem é que consegue ir mais longe, entraram num caminho em que se esqueceram completamente do que são boas maneiras”, diz Eduardo Paes Ferreira.

 

Joana Amaral Dias concorda com as críticas e acrescente que a comunicação tem perpetuado uma narrativa do medo e do pânico moral.

A comentadora da TVI acusa ainda os jornalistas de terem exacerbado o caos que se verificou, em janeiro, nos principais hospitais de Lisboa.

A comunicação social de uma forma geral, salvo honorabilíssimas exceções, não prestou um bom serviço público. Baseou-se, sobretudo, na narrativa do medo e do pânico. Lançou muitas vezes, relativamente à covid-19, o pânico moral. Colou-se à narrativa oficial do Governo. Não discutiu alternativas, 90% dos debates na comunicação social foram entre os especialistas: o senhor contente e o senhor feliz. Não houve pluralidade. Não se discutiram modelos alternativos”, refere Joana Amaral Dias.

 

Por outro lado, Miguel Guedes diz estar em completo desacordo quer com a colega de painel quer com o conteúdo da carta aberta, classificando a cobertura noticiosa da pandemia como "muitíssimo equilibrada".

O advogado e comentador da TVI alerta para uma "diabolização" dos profissionais que "muitas vezes no limite" correram risco em prol da informação.

Estou em completo desacordo com a Joana. Julgo que a gestão da pandemia foi feita pela comunicação social de uma forma muitíssima equilibrada. Custa-me sinceramente que estejamos, inclusivamente com esta carta, a diabolizar órgãos de comunicação social e profissionais que estiveram a trabalhar, muitas vezes no limite, correndo riscos que nós não corremos. Julgo que a comunicação, num momento particularmente crítico, prestou e tem prestado um bom trabalho, mas há exceções, algumas delas até graves”, evidencia Miguel Guedes.

 

Já o advogado Rogério Alves esclarece que antes de concordar ou discordar com a carta aberta a compreende. O comentador da TVI considera ainda existem profissões como o jornalismo que "são muito sensíveis à crítica".

Às vezes a profissão de jornalista e outras são muito sensíveis à crítica. (...) O jornalismo por vezes defende-se de uma maneira que é excessiva e que confunde liberdade de opinião. No fundo, o que estas pessoas fizeram foi emitir a sua opinião. Podemos considerá-la excelente, oportuníssima, disparatada, a despropósito, mas é a sua opinião. (...) Eu sou capaz de compreender, antes de concordar ou discordar”, explica Rogério Alves.

 

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