Alunos sem aulas para professores receberem formação em Inglês - TVI

Alunos sem aulas para professores receberem formação em Inglês

(REUTERS)

Fenprof e FNE contestam a medida do Ministério da Educação e têm dúvidas sobre a legalidade do acordo com o instituto da Universidade de Cambridge

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A Fenprof denunciou esta quarta-feira que os professores de inglês designados para corrigir os exames de inglês do Cambridge vão faltar às aulas estes dois dias para terem formação que os certifique como corretores dessas provas.

«Aulas foram anuladas e testes adiados porque os professores foram emprestados pelo MEC ao privado», lê-se num comunicado da Federação Nacional de Professores (Fenprof), enviado à Lusa, e no qual a federação critica o facto de os professores deixarem de dar aulas para receber formação do Cambridge English Language Assessment, o instituto da Universidade de Cambridge responsável pela autoria do teste de diagnóstico de inglês aplicado aos alunos do 9º ano de escolaridade.

Defendendo que os professores estão a ser obrigados a prestar um serviço relativamente ao exame do Cambridge «que não é parte integrante do conteúdo funcional da sua profissão», e avançando que os professores designados como corretores de provas só tiveram conhecimento da data da formação entre nos últimos dois dias, a Fenprof adianta que vai reforçar com estes novos elementos a queixa já aberta junto da Procuradoria-Geral da República.

A federação sindical pretende ainda apresentar queixa ao Provedor de Justiça e aos grupos parlamentares, junto da Entidade Reguladora para a Concorrência, por considerar que o Ministério da Educação e Ciência (MEC) «privilegia uma empresa privada sem que se conheça ter existido qualquer concurso público para este tipo de iniciativa», e junto da Comissão para a Proteção de Dados, para averiguar se a tutela «forneceu à empresa privada Cambridge a identificação de professores das escolas que tutela, sem que estes tenham autorizado».

Nos locais onde decorre a formação de professores de inglês, a Fenprof pretende marcar presença para informar sobre «os direitos dos professores, nomeadamente o de reclamarem do seu envolvimento num processo cujos contornos não são claros e do qual discordam», disponibilizando minutas aos que pretenderem recorrer aos tribunais.

«A Fenprof reafirma que se torna indispensável conhecer quais as contrapartidas que existem, e quem delas usufrui, neste processo estranho em que o governo coloca os seus trabalhadores ao serviço de interesses privados», declara a federação no comunicado.


Também a Federação Nacional de Educação (FNE) veio criticar que os professores de inglês que venham a ser classificadores dos exames do Cambridge tenham que prestar provas junto desta instituição.

«A FNE considera que a imposição dirigida aos professores que venham a ser classificadores dos exames de Cambridge, de prestar provas perante essa instituição sobre o seu nível de proficiência, é uma desconsideração para com os docentes em causa e um desrespeito pelas instituições de ensino superior que avaliaram e certificaram estes docentes», lê-se no comunicado desta federação sindical que a Lusa cita.


Tal como a Fenprof, também a FNE se mostrou preocupada com «as implicações no regular funcionamento das aulas» decorrentes da formação dos professores de inglês, bem como da aplicação do exame nas escolas, tendo solicitado hoje uma reunião «com caráter de urgência» ao ministro da Educação Nuno Crato.

Os alunos do 9.º ano vão realizar entre abril e maio de 2015 o teste diagnóstico de inglês.

Tal como no ano passado, a prova é obrigatória para os estudantes do 9º ano e «facultativa para os restantes alunos».

No ano passado, mais de 100 mil alunos realizaram o Key for Schools, mas este ano o nível de exigência será superior, já que a prova a aplicar será o Preliminary English Test (PET) de Cambridge English Language Assessment.
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