Alunos vão passar a usar computadores nas provas nacionais - TVI

Alunos vão passar a usar computadores nas provas nacionais

Internet (foto Reuters)

Presidente do IAVE diz que está a ser estudado um novo modelo para uma avaliação eletrónica

O presidente do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) revelou, esta sexta-feira, que está a ser estudado um novo modelo para que os alunos passem a usar computadores nas provas de aferição e exames nacionais.


“Neste momento já é possível realizar uma avaliação eletrónica. E esse é o futuro”, revelou à agência Lusa o presidente do Conselho Diretivo do IAVE, Hélder de Sousa, à margem da conferência “Avaliar para aprender: Contributos para uma cultura de avaliação” que está a decorrer em Lisboa.


De acordo com Hélder de Sousa, o IAVE está a trabalhar em articulação com a Direção Geral de Educação e com a Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) para que, no futuro, os alunos possam fazer as provas nacionais em formato digital.

De acordo com a Lusa, o responsável garante que neste momento já era possível pôr a ideia em prática para um exame em que estivessem inscritos "80 ou 100 mil alunos".

Já na próxima semana alunos do 4º ano irão testar esta ideia, já que arranca o exame internacional sobre compreensão de leitura - o ePIRLS - que é feito em computador e em que vão participar cerca de 5300 estudantes portugueses de mais de uma centena de escolas.

O ePIRLS é o novo programa de literacia de leitura em formato digital desenvolvido pela International Association for the Evaluation of Educational Achievement (IEA), uma associação internacional independente, constituída por instituições de investigação educacional e por agências governamentais de investigação dedicadas à melhoria da educação.

“As escolas estão preparadas para fazer estas provas”, garantiu Hélder de Sousa, explicando que ao contrário do que acontece com os exames em papel, que têm de se realizar todos em simultâneo, em computador, “poderemos ter alunos a fazer a prova às 09:00, depois um outro grupo às 11:00 e outro à tarde, por exemplo”.


Isto porque é usada “uma ferramenta que pode gerar diferentes provas todas validadas”, concluiu.
 

Novas medidas educativas para melhorar resultados dos alunos


O presidente do IAVE alertou para os riscos de importar políticas educativas de um determinado país, sublinhando que os resultados nacionais estabilizaram e que, por isso, é preciso tomar novas medidas.

“Os resultados (dos estudantes portugueses em exames internacionais) não estão a melhorar e alguém vai ter de decidir o que fazer. Estamos desde 2010 a olhar para a Finlândia que está em declínio há seis anos”, afirmou Hélder de Sousa.


Durante a intervenção na conferência, Helder Sousa lamentou a “vertigem das comparações internacionais” que levam a que se importem políticas educativas de países considerados “as estrelas da companhia” sem a certeza de que são essas medidas que fazem a diferença e sem ter em conta as diferenças entre países e sistemas educativos.

Dando como exemplo o caso da Finlândia, “que desde 2000 que se transformou na estrela da companhia”, Hélder de Sousa sublinhou que muitas vezes as medidas que estão em vigor não são as responsáveis pelo sucesso dos alunos, mas sim as que foram implementadas muitos anos antes.

Para o responsável seria mais importante adotar práticas que mostram bons resultados num largo número de países em vez de se escolher “a melhor prática”.

O gosto pela leitura dos pais dos alunos ou a frequência do ensino pré-escolar foram dois dos exemplos escolhidos por Helder Sousa.

“Há estudos que revelam que os alunos que frequentaram um ano de pré-escolar ficaram melhores do que os que não frequentaram. Já os alunos que foram três anos ainda melhores”, disse à Lusa, explicando que esta é uma realidade transversal a muitos países.

Olhando para os resultados dos alunos portugueses nas provas internacionais regista-se “uma tendencial melhoria de 2000 para 2012” mas que entretanto começou a estabilizar.

Por isso, defende que é preciso haver mudanças e acredita que existe conhecimento entre os investigadores para criarem medidas adaptadas ao sistema educativo português, “que poderá ir beber ao que se faz lá fora, mas sempre privilegiando medidas desenhadas para o sistema nacional em detrimento de importar acriticamente medidas alheias”.
Continue a ler esta notícia