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Associação de Professores de Matemática contra novo programa

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Professores temem que novo Programa de Matemática faça regredir conhecimentos

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A Associação de Professores de Matemática (APM) contesta a revogação do Programa de Matemática do Ensino Básico e alerta para o perigo de se inverter a evolução dos conhecimentos de matemática pelos alunos portugueses.

A direção da APM manifesta «a sua mais profunda discordância e indignação» com a revogação do programa, divulgada na terça-feira pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC), considerando que o Governo tratou da questão de forma «precipitada e ligeira».

Para os professores de matemática, «as medidas que esta equipa ministerial tem vindo a tomar representam uma ameaça séria» à tendência de melhoria dos resultados dos alunos portugueses nos testes internacionais de matemática. A APM teme que as políticas do MEC possam «mesmo inverter» a tendência registada nos últimos anos.

Num comunicado enviado para a agência Lusa, a APM recorda que o Programa de Matemática agora revogado foi homologado em 2007 e só no passado ano letivo começou a ser aplicado em todas as escolas.

Os professores acusam o executivo de tratar com pouco respeito o trabalho desenvolvido pelos autores do PMEB, que foi elaborado por "uma equipa de matemáticos, professores de matemática dos três ciclos do Ensino Básico e investigadores no domínio do ensino e da aprendizagem da Matemática".

Depois de ter estado em discussão pública, o Programa de Matemática foi experimentado em algumas turmas-piloto e só depois, de forma faseada, foi levado a todas as escolas.

«Só em 2012/2013 termina a sua generalização. Um processo, portanto, que envolveu um forte investimento humano e financeiro e de que um conjunto de despachos sucessivos faz tábua rasa, numa atitude inédita em equipas do Ministério da Educação, profundamente desrespeitadora do trabalho dos professores e alunos e propondo uma calendarização para a apresentação, discussão, homologação e aplicação de outro programa que é ela própria reveladora da forma precipitada e ligeira, com que se encara um assunto tão sério como o que está em causa», acusa a APM.

A associação contesta o «infeliz documento normativo» que esta semana veio suspender o PMEB, sublinhando algumas expressões referidas no despacho publicado em Diário da República.

Os professores de matemática contestam a posição do MEC quando fala em «rigidez» do PMEB, em oposição a uma «liberdade» defendida no novo despacho: «A título de exemplo, o PMEB não apresenta um roteiro anual, dentro de cada ciclo de ensino (...). As Metas, pelo contrário, com a determinação de um percurso curricular único por ano, recorrendo a cerca de 190 objetivos «gerais» e a mais de 900 descritores fortemente prescritivos, limita a autonomia dos professores na gestão do programa, dificultando assim a adequação do seu trabalho às características e percursos escolares dos seus alunos».

Os professores de matemática consideram ainda que existe e «é bem visível a ideologia que preside às Metas Curriculares e ao programa que agora se anuncia», que prefere as «aprendizagens baseadas na mecanização de procedimentos e rotinas» e que «desvaloriza capacidades de exigência cognitiva mais elevada, como a compreensão e a aplicação de conhecimentos e a resolução de problemas», cita a Lusa.
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