«Cerca de 300 pessoas», entre alunos, pais e professores, concentraram-se junto ao portão da sede do agrupamento, a Escola Secundária Dr. Manuel Candeias Gonçalves, em Odemira, onde formaram dois cordões humanos «simbolicamente de mãos atadas», relatou à agência Lusa Margarida Percheiro, da organização do protesto.
«Sentimo-nos de mãos atadas, impotentes, porque não podemos fazer nada» para resolver a situação «vergonhosa» do agrupamento, que «está sem diretor há quase dois anos e a funcionar de forma anárquica e sem rumo», explicou Margarida Percheiro, presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária Dr. Manuel Candeias Gonçalves, a organizadora do protesto.
Para o representante dos pais e encarregados de educação, Pedro Pinto Leite, o Agrupamento de Escolas de Odemira, «o único no Alentejo que não tem um diretor eleito, tem uma CAP, que foi nomeada há dois anos e é incapaz de cumprir a tarefa simples de formar um Conselho Geral Transitório (CGT)», ao qual compete eleger o diretor.
A situação está «a ter reflexos na qualidade do ensino», disse à Lusa Pedro Pinto Leite, referindo que «os alunos sentem que o agrupamento está a funcionar de forma anárquica e, por isso, há um aumento de indisciplina e casos de ´bullying`».
«Não há justificação possível» para o agrupamento estar sem diretor, considerou Pedro Pinto Leite, lembrando que o processo de constituição do CGT está por concluir ao fim de dois anos «devido à interferência perversa e constante da presidente da CAP», Isabel Rosa.
«É muito estranho a CAP não ter conseguido, em dois anos, fazer eleger um diretor», afirmou Pedro Pinto Leite, referindo que «dá a ideia de que [Isabel Rosa] está a atrapalhar o processo para se manter como presidente da CAP».
A «única solução» para o problema é a «urgente nomeação de uma nova CAP», que seja «capaz de concluir o processo de constituição do CGT em tempo útil de se poder eleger um diretor ainda antes do final do ano letivo», disse.
O Agrupamento de Escolas de Odemira foi criado em 2013 no âmbito do processo de reorganização da rede escolar e reúne as escolas básicas do antigo agrupamento e a escola secundária de Odemira.
Cada um dos agrupamentos criados em 2013, no âmbito da reorganização da rede escolar, passou a ser gerido por uma CAP com um mandato de um ano e até à eleição do diretor pelo CGT, formado por representantes de docentes, pessoal não-docente, alunos, pais, municípios e comunidade local.
Segundo Pedro Pinto Leite, o Ministério da Educação e Ciência (MEC) escolheu os diretores das escolas agregadas para presidentes das CAP da maioria dos 318 agrupamentos criados, o que não aconteceu em Odemira.
Por discordarem da criação do novo agrupamento, os diretores do antigo agrupamento de escolas e da escola secundária de Odemira demitiram-se, mas depois propuseram-se como presidente e vice-presidente, respetivamente, da CAP do novo agrupamento.
A proposta foi rejeitada pelo MEC, que nomeou docentes «sem experiência ou formação em gestão e administração escolares» para a CAP, a qual «ainda não foi capaz de constituir um CGT», que terá «a tarefa simples de eleger um diretor», disse.
A Lusa tentou, por várias vezes e sem sucesso, contactar a presidente da CAP do Agrupamento de Escolas de Odemira.