Fenprof quer suspensão de revisão curricular - TVI

Fenprof quer suspensão de revisão curricular

Mário Nogueira

Diz que se destina apenas a aplicar cortes financeiros na educação

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) deu esta terça-feira parecer negativo à proposta de revisão curricular dos ensinos básico e secundário, defendendo a sua suspensão e afirmando que se destina apenas a aplicar cortes financeiros na educação.

«Estamos perante um documento proclamatório, sem qualquer rigor nas suas asserções e destinado a tapar, com peneira de rede larga, a imposição orçamental em matéria de cortes na educação», afirma a Fenprof no parecer que entregou hoje ao Ministério da Educação e Ciência.

Por isso, defende a «suspensão» do processo de revisão da estrutura curricular até que se faça um «debate nacional» que envolva os agentes da educação e toda a sociedade, no prazo de um ano.

A Fenprof desafia o ministério a apresentar «uma proposta de verdadeira reforma curricular» que tenha passado por «negociação final com os parceiros educativos».

É preciso, defende, «evitar decisões precipitadas que poderão resultar em erros».

A «intenção economicista» do Governo está patente no «empobrecimento do currículo» da proposta, considerou a Fenprof, que não aceita a «desvalorização» de áreas como a Educação Visual ou as Tecnologias de Informação e Comunicação.

Se a revisão curricular for avante como está, será uma maneira de promover «iliteracia nos alunos em relação às tecnologias e às artes».

A Fenprof quer que se mantenham os desdobramentos nas ciências da natureza no 2º ciclo e nas ciências naturais e físico-químicas no 3º e defende que as tecnologias de informação e comunicação devem ser leccionadas em mais do que um ano, sem se associar a outras disciplinas.

No parecer manifesta-se também contra o fim da formação cívica, preferindo uma «redefinição» do conteúdo desta área não disciplinar, e defende a continuação do estudo acompanhado.

O apoio ao estudo deve ser «um espaço de resposta» aos alunos com dificuldades e deve ter «um crédito global de horas» criado nas escolas.

Quanto à introdução de exames, a Fenprof defende que não basta seguir «o caminho mais simples, mas discutível» de avaliar com exames de final de ciclo

Na perspectiva da Fenprof, uma revisão curricular não devia deixar de fora o pré-escolar e devia definir «onde encaixam as vias profissionais, tecnológicas e artísticas» ao longo dos 12 anos de escolaridade.

Os vários ciclos de ensino precisam também de ser organizados em função dos 12 anos de escolaridade obrigatória para evitar a «dispersão curricular» actual, considera a Fenprof.
Continue a ler esta notícia