Licenciados conseguem mais emprego - TVI

Licenciados conseguem mais emprego

(Foto Cláudia Lima da Costa)

CNE apresenta estudo sobre o estado da Educação

Um curso superior ainda faz a diferença quando se procura trabalho, garante o Conselho Nacional de Educação (CNE), que concluiu que a taxa de emprego é mais elevada entre os licenciados.

No estudo sobre o estado da Educação, o CNE reconhece que nos primeiros seis meses de procura de emprego pode não haver resultados mesmo com o «canudo», mas afirma que a partir daí as probabilidades de arranjar trabalho aumentam para quem tem um curso superior.

Enquanto a taxa de emprego para licenciados estava em 2010 nos 84,5 por cento, para as pessoas com o secundário completo estava nos 79,9% e para quem não passou do básico estava nos 68,2%.

Actualmente, «um em cada três jovens até aos 20 anos está no Ensino Superior», afirmou em conferência de imprensa a presidente do CNE, Ana Maria Bettencourt, o que é uma «evolução muito grande» em relação ao que se passava há dez anos, quando a percentagem não chegava aos 30%.

Num sector que atravessa uma «grave crise financeira», o CNE defende a necessidade de reconfiguração da rede de instituições e oferta de cursos como forma de «racionalizar» o sector.

O CNE defende a necessidade de apostar na orientação escolar e profissional ao longo do percurso dos alunos, de modo a que os alunos saibam desde logo que cursos podem escolher e quais as oportunidades de emprego que conferem.

Balanço das Novas Oportunidades

O programa Novas Oportunidades deu um «forte contributo» no aumento da qualificação dos portugueses, considera o CNE, mas precisa de avaliação externa e estabilidade nas equipas.

Na apresentação do estudo «Estado da Educação 2011», a presidente do CNE frisou que aquele organismo «não avaliou» o programa, mas do acompanhamento que fez dele concluiu que «certamente os portugueses têm mais qualificações» do que há dez anos.

No entanto, «os níveis de escolarização e qualificação dos portugueses são ainda muito baixos» se comparados com as médias dos outros países da União Europeia.

São precisos «mais dados sobre a qualidade dos processos» de formação, defende o Conselho, salientando que «precisam de ser avaliados e estabilizados».

Ana Maria Bettencourt indicou também que as empresas devem começar a reconhecer mais «o valor acrescentado» da formação, ajudando também os seus trabalhadores a aumentar as suas qualificações. «É preciso avançar na certificação profissional, aí estamos muito atrasados», indicou.

Mais do que a qualificação pós-escolar, o CNE recomenda o «prolongamento efectivo dos níveis de escolarização, de modo a garantir o ensino secundário como habilitação mínima de referência» como condição para Portugal se modernizar.

Nas suas recomendações deste ano, o CNE reitera a necessidade de as políticas de educação terem «continuidade» e não estarem sempre a mudar e de haver um «plano para o desenvolvimento educativo» que defina onde se quer estar e o que se quer fazer.



Alunos mais pobres chumbam mais

O CNE alertou ainda para o elevado número de repetentes em todos os graus do sistema educativo português, defendendo que não se deve poupar no apoio aos alunos para evitar «chumbos».

Os alunos de meios sociais desfavorecidos são os que mais vão ficando para trás, com «desmotivação e o abandono escolar precoce» como consequências.

De acordo com os dados do CNE, no ano lectivo de 2009/2010, 100 por cento dos jovens de 15 anos estavam na escola, mas «43% ainda permanecia no ensino básico e apenas 57% se encontra no nível adequado à sua faixa etária, o secundário».

Quando se olha para os jovens de 17 anos, 80% já chegaram ao secundário, mas 10% ainda estão no terceiro ciclo do básico.

Quanto mais para a frente no grau de ensino, pior o desvio: em 2009/2010, 14% dos rapazes e 10% das raparigas a frequentar o 12º ano tinha 20 anos ou mais, quando idealmente deviam ter 17 anos.

Para o CNE, a solução passa pelo «reforço da formação em exercício dos professores e maior autonomia das escolas».
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