OE2012: dirigentes escolares «muito angustiados» - TVI

OE2012: dirigentes escolares «muito angustiados»

Escola (Istockphoto)

Presidente da ANDE comparou documento a propaganda de Saddam Hussein

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Os dirigentes escolares afirmam-se «muito angustiados» com o que está no horizonte das escolas, em função dos cortes previstos na proposta de orçamento para 2012, noticia a Lusa.

Ao ler o documento, o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira, confessa que lhe veio à memória o ministro da propaganda do Iraque no fim do regime de Saddam Hussein: «Estavam as bombas a cair e os americanos a entrar em Bagdade e ele a dizer que os americanos nunca haviam de entrar ali».

Em declarações à agência Lusa, este dirigente escolar afirmou que «em termos dialécticos» o texto que justifica a proposta de orçamento dá a ideia de que todas as alterações são para melhorar o sistema, racionalizar a gestão e reforçar a autonomia das escolas.

«Toda a argumentação que se usa parece que é para melhorar a escola, parece que o futuro é muito promissor e muito bom e não é. A verdade é que este corte brutal no orçamento das escolas não traz nada de bom», lamentou.

O professor questiona o que entenderá o Ministério da Educação por mais autonomia. «Fico preocupado quando fala em cortar 257 milhões de euros no ensino básico e secundário e em supressão de ofertas não essenciais, continuamos sem saber o que isso é, mas tenho muito receio».

Para o presidente da associação, a situação prevista no documento é preocupante, especialmente numa altura de crise, em que as escolas «têm de dar respostas para uma maior equidade e igualdade dos alunos que vêm de uma sociedade onde os problemas são cada vez maiores, em termos económicos e sociais».

Melhor gestão de recursos humanos e reordenamento da rede escolar são expressões que Manuel Pereira associa a despedimentos ou dispensa de pessoal, bem como ao encerramento de estabelecimentos.

«Fico muito preocupado com este orçamento», disse, acrescentando que as escolas estão «no limite do que é possível para continuarem a dar uma resposta de qualidade e para garantir o sucesso educativo e escolar e combater o abandono».

Com a política de cortes anunciada pelo Governo, o futuro vai ser «muito cinzento para as escolas e para os professores que ficarem no sistema, porque muitos vão ter de sair», afirmou.

Manuel Pereira considera que será «muito difícil» aos docentes assegurarem o mesmo tipo de respostas e antevê «muitos problemas».

O Ministério da Educação e Ciência vai cortar 864 milhões de euros de despesa em 2012, face à estimativa de 2011, de acordo com a proposta de lei de Orçamento do Estado apresentada na segunda-feira.
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