Hospitais Tondela Viseu: "Como vou fazer para operar doentes que vão sendo adiados?" - TVI

Hospitais Tondela Viseu: "Como vou fazer para operar doentes que vão sendo adiados?"

  • Atualizada às 17:30
  • 6 fev 2019, 15:35
Hospital

Diretora clínica do Centro Hospitalar acusa enfermeiros de não cumprirem serviços mínimos da greve e mostra preocupação porque "esta greve dura até 28 de fevereiro"

A diretora clínica do Centro Hospitalar Tondela Viseu, Helena Pinho, lamentou esta quarta-feira que não estejam a ser cumpridos os serviços mínimos da greve dos enfermeiros, o que está a obrigar ao adiamento de cirurgias que se deviam realizar.

Ontem (terça-feira), não foram operados sete doentes que cumpriam os serviços mínimos e hoje também não”, por recusa dos enfermeiros, disse Helena Pinho, durante uma conferência de imprensa, na qual alertou para os constrangimentos provocados pelo facto de a greve estar a decorrer em simultâneo com o plano de contingência da gripe.

Desde 31 de janeiro, até à noite de terça-feira, das 180 cirurgias previstas foram canceladas 69, sete das quais deviam ter sido feitas no âmbito dos serviços mínimos, segundo a responsável. Os dados relativos ao dia de hoje estão ainda por apurar.

Helena Pinho considerou que os sindicatos que marcaram a greve, “quando a alocaram a Viseu, não conheciam muito bem a realidade” do bloco operatório central.

Temos uma lista de espera muito grande, porque habitualmente no bloco central já quase só operamos tumores, fraturas e doentes prioritários”, explicou, acrescentando que as salas costumam estar “ocupadas de manhã à noite” com este tipo de situações.

De acordo com a diretora clínica, “com a definição alargada dos serviços mínimos, praticamente têm que se abrir as salas todas” para dar cumprimento ao que foi estipulado por um coletivo de juízes no Conselho Económico e Social (CES).

Nos primeiros dias, os doentes que tinham indicação dentro dos serviços mínimos para serem operados, foram operados. Quem realmente veio por pressão na greve foram os sindicatos e, a partir do momento que eles cá vieram, deixaram de ser cumpridos os serviços mínimos”, lamentou.

Helena Pinho contou que “o que os sindicatos determinaram foi que abria um determinado número de salas, quando não é isso que está no acórdão” do CES.

Neste momento, não estamos a cumprir os serviços mínimos decretados por um tribunal por opção dos sindicatos, porque faltaram a uma reunião onde poderiam eles ter tentado negociar os serviços mínimos. Eu estive e sei que eles não estiveram lá”, afirmou.

Segundo a responsável, “o comunicado que veio do ministério foi esclarecedor no sentido de que não era para definir salas, era para definir doentes que estivessem ou não dentro dos critérios”.

Se isso implicasse que, “no limite, tivesse que se abrir a totalidade das salas, estas teriam que ser abertas, porque tinham de se cumprir os serviços mínimos”, esclareceu, acrescentando que o comunicado “está de acordo com o espírito dos juízes que determinaram o acórdão”.

Canceladas cirurgias adicionais

Helena Pinho explicou aos jornalistas que, logo no início da greve, decidiu cancelar as cirurgias adicionais, por entender que se devia concentrar “nos doentes que tinham mesmo que ser operados”.

Tal como eu cancelei os doentes que não cumpriam os critérios, eles também deveriam estar a assegurar as cirurgias nos doentes que cumprem os critérios”, defendeu.

Segundo a diretora clínica, desde o início da greve que, todos os dias, definia com os enfermeiros quais eram os doentes que cumpriam os critérios para se encaixarem nos serviços mínimos.

Enquanto os sindicatos não vieram, os enfermeiros concordaram comigo em quais eram”, realçou.

Helena Pinho referiu que, numa greve normal de dois dias, “se não operar um tumor agora, opera ao terceiro dia”, sem graves consequências.

Mas esta greve dura até 28 de fevereiro. Como é que eu vou fazer para operar estes doentes que vão sendo adiados, que integram os critérios dos serviços mínimos e não estão a ser operados?”, questionou.

Quem tem gripe deve evitar visitas

A diretora clínica do Centro Hospitalar Tondela Viseu apelou ainda às pessoas afetadas pela gripe para não visitarem os doentes que estão internados no hospital, de modo a não os contagiarem.

Nesta casa, não há controlo efetivo de visitas e, neste momento, temos tido casos de doentes que estão internados há vários dias que vieram a ter gripe e cuja fonte provável são as próprias visitas”, afirmou Helena Pinho, em conferência de imprensa.

Segundo a responsável, apesar de o CHTV ter feito cartazes para sensibilizar para esta situação, as visitas de pessoas com gripe continuam a ser recorrentes.

Um dos doentes que estava para ser operado hoje teve a cirurgia cancelada por essa circunstância, porque alguém que o veio visitar transmitiu a gripe”, lamentou.

Filipa Almeida, adjunta da direção clínica e responsável pela Comissão de Controlo de Infeção e Resistência dos Antibióticos, disse aos jornalistas que, neste momento, estão 41 doentes internados com gripe A.

Continue a ler esta notícia

Mais Vistos