Advogado morto pelo sogro «não era violento» - TVI

Advogado morto pelo sogro «não era violento»

Engenheiro acusado de matar o ex-genro

Juíza que era amiga comum do casal falou sobre a relação de Ana Joaquina e Cláudio desde o namoro na faculdade

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O advogado assassinado em 2011 na Mamarrosa, quando fazia a visita à filha, «não queria ser um pai de fim-de-semana», testemunhou a juíza Beatriz Correia, colega de faculdade da mãe da criança e da vítima.

Ouvida durante a tarde, aquela juíza descreveu Cláudio Mendes, que foi abatido pelo pai da ex-companheira, também ela juíza, como uma pessoa normal e incapaz de atitudes violentas, que só começou a sofrer de depressão e ansiedade depois de o impedirem de estar livremente com a criança.

«Achava que tinha o direito a estar com a filha e, por vezes, não o deixavam e ficava deprimido. Se ele fosse perigoso não o deixava brincar com os meus filhos», disse a juíza Beatriz ao coletivo e aos jurados, relatando ainda que um pedopsiquiatra, amigo comum, teve igual entendimento.

O depoimento da testemunha contraria a defesa de António Ferreira da Silva, acusado do homicídio qualificado do advogado, que tem sustentado que este sofria de perturbações do foro psiquiátrico e se podia tornar perigoso, tendo o arguido disparado perante o que entendeu ser uma ameaça à integridade física da sua família.

A juíza, que foi colega da Faculdade de Direito de Cláudio e de Ana, quando estes começaram a namorar, e depois de Ana Joaquina, quando esta frequentou o Centro de Estudos Judiciários, relatou ainda que, quem gostava de armas era o pai de Ana, que já nesses tempos lhe ensinava tiro.

Apesar disso, e de Cláudio lhe ter confidenciado que quando as relações azedaram o ex-sogro lhe tinha exibido uma arma e que estaria a ser seguido, desvalorizou na altura os receios do amigo.

«Na altura ainda nos rimos com isso», disse.

Beatriz Correia afirmou ao Tribunal que a sua colega mudou de comportamento após o parto, apesar de serem amigas de longa data. Das poucas visitas que fez, evitou que pegassem na criança e, mesmo para ela ir à praia, só ia ao fim do dia, toda vestida e calçada, sem ter contacto com a areia porque podia ter bactérias.

A própria colega foi acompanhada sempre pelos pais que alugavam casa onde ela estudava e, já depois de ingressar na magistratura, nas comarcas onde era colocada.

«Não era normal. Porque é que isso acontecia, não sei. Seria para a apoiar e ajudar», comentou a juíza, admitindo que as atitudes da colega em relação à criança correspondiam à educação que recebera, pois ouviu a mãe dela, quando a foi visitar por ter nascido a filha, dizer que os bebés não deviam sair de casa durante o primeiro ano.

Cláudio Mendes não tinha o mesmo entendimento, e seria impedido pela família da criança de fazer atos tão normais como levá-la a passear ou ir a uma pastelaria, o que fez degradar a relação.

Manuel Ferreira da Silva, primo do arguido, foi outra das testemunhas ouvidas esta terça-feira, o qual relatou as preocupações que lhe foram transmitidas por António Ferreira da Silva quanto à sanidade mental de Cláudio Mendes, mas admitiu que, pessoalmente, nunca teve receio dele nem notou que fosse uma pessoa com problemas psiquiátricos.
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