Eduardo Lourenço diz que já ultrapassou a «linha vermelha da vida» - TVI

Eduardo Lourenço diz que já ultrapassou a «linha vermelha da vida»

Eduardo Lourenço (Lusa/André Kosters)

Eduardo Lourenço recebeu esta quinta-feira o Prémio Jacinto do Prado Coelho

Relacionados
O ensaísta Eduardo Lourenço disse esta quinta-feira, ao receber o Prémio Jacinto do Prado Coelho, em Lisboa, que este é «um prémio fora do tempo», pois já passou «a linha vermelha da vida».

«Este é um prémio fora do tempo. Já passei a linha vermelha da vida, estou noutra que não tem cor e cada vez terá menos», disse.

O Prémio da Associação Portuguesa de Críticos Literários, no valor de cinco mil euros, foi atribuído por unanimidade a Eduardo Lourenço, pela obra «Tempo da música. Música do tempo», editada no ano passado.

Esta foi a segunda vez que o ensaísta recebeu o prémio, 27 anos após a atribuição, em 1986, pela obra «Fernando, Rei da nossa Baviera», ensaio pioneiro sobre Fernando Pessoa.

Na cerimónia realizada esta quinta-feira no auditório Frederico de Freitas, na sede da Sociedade Portuguesa de Autores, em Lisboa, Eduardo Lourenço afirmou-se satisfeito, emocionado e comovido, e questionou-se, se o livro era seu ou da investigadora italiana Barbara Aniello, que foi juntando, inventariando e catalogando, no espólio do ensaísta, tudo que se relacionava com música.

Eduardo Lourenço revelou que Barbara Aniello está atualmente a trabalhar noutros dois novos volumes.

João Nuno Alçada, que está a catalogar e a organizar todo o espólio do ensaísta, explicou à Lusa que um dos volumes se intitula «Sobre Pintura», e será editado pela Gradiva, enquanto outro, «Espelho Imaginário», a incluir na obra completa em publicação pela Fundação Calouste Gulbenkian, vai integrar a obra galardoada, «Tempo da música. Música do tempo», e outro material encontrado no espólio sobre esta matéria.

Na sessão, Eduardo Lourenço disse que procurou hoje por esta obra, numa livraria Bertrand, em Lisboa, sem a encontrar, o que o admirou, assim como a ausência das «Odes» de Ricardo Reis, na edição de António Quadros.

Na assistência, entre outros, estavam o atual e o ex-presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, respetivamente Augusto Santos Silva e Emílio Rui Vilar, assim como os administradores desta instituição Eduardo Marçal Grilo e Isabel Mota, e os escritores Nuno Júdice e Teolinda Gersão.

O júri desta edição do Prémio Jacinto do Prado Coelho, da Associação Portuguesa de Críticos Literários, foi composto por Clara Rocha, Maria João Reynaud e Teresa Martins Marques, e justificou a escolha pela «qualidade indiscutível da obra, reconhecida por pessoas da área da literatura bem como da musicologia», cita a Lusa.

«Tempo da música. Música do tempo» reúne 212 reflexões (datadas entre 1948 e 2006) de Eduardo Lourenço sobre música, que estavam dispersas em folhas avulsas, em agendas de bolso, páginas soltas ou agrafadas, algumas encontradas dentro de livros.

Eduardo Lourenço nasceu em 1923, em São Pedro de Rio Seco, na Beira Alta, e embora resida em França desde os anos de 1960, manteve sempre uma grande ligação a Portugal, refletindo sobre a sociedade portuguesa.
Continue a ler esta notícia

Relacionados

Mais Vistos