Trás-os-Montes perdeu mais de metade dos alunos em 17 anos - TVI

Trás-os-Montes perdeu mais de metade dos alunos em 17 anos

  • LCM
  • 6 jun 2018, 00:13
Escola

Número passou de mais de 23 mil em 2001 para cerca de onze mil em 2017

Os nove municípios da Comunidade Intermunicipal (CIM) Terras de Trás-os-Montes perderam mais de metade dos alunos, desde o infantário ao secundário em 17 anos, passando de mais de 23 mil, em 2001 para cerca de onze mil em 2017.

Os dados fazem parte do diagnóstico do plano de 6,3 milhões de euros financiado por fundos europeus do Norte 2020. com que a CIM quer combater, nos próximos três anos, a retenção e abandono escolares, e que está a apresentar em cada um dos municípios, como aconteceu hoje em Bragança.

A falta de alunos levou, no início da década de 2000, ao encerramento da esmagadora maioria das escolas primárias e à concentração em polos escolares, mas o número de crianças e jovens nas escolas continua a baixar.

Segundo dados estatísticos oficiais, de 2001 para 2011, numa década, este território que abrange os municípios mais populosos do distrito de Bragança, passou de mais de 23 mil alunos para menos de 19 mil. O ritmo da perda acelerou a partir de 2011, com menos de 14.300 alunos contabilizados, em 2016, e cerca de onze mil no atual ano letivo.

Simultaneamente, este território mantem os “piores” indicadores nacionais relativamente à retenção (chumbos) e abandono escolar.

Reduzir em 25% estas taxas, passando de 7,3% para 6,0% no básico e de 19,3% para 15 por cento no secundário é o propósito do Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar – PIICIE.

Como explicou hoje Rui Caseiro, da CIM Terras de Trás-os-Montes, o plano é composto por 22 projetos, alguns supramunicipais, outros individuais dos municípios e incidirá sobre um total de 2717 alunos, com arranque previsto para o início do próximo ano letivo.

Bragança, segundo o presidente Hernâni Dias, tem 630 mil euros para reduzir o insucesso escolar dos alunos e prevenir comportamentos de risco e evitar o abandono, com ações junto dos estudantes e das famílias.

Todos os municípios vão criar equipas multidisciplinares com recursos humanos, como sociólogos, psicólogos, assistentes sociais, técnicos de informática e outros profissionais para esse fim.

Rui Caseiro, da CIM, explicou que os processos estão “em fase da contratação dos recursos, quer humanos quer materiais, e contempla também a dotação das escolas de equipamento, nomeadamente para laboratórios para reforçar a parte pedagógica.

“Nós cada vez temos menos alunos, se tivermos um trabalho redobrado junto desses alunos, que os conhecemos todos pelo nome, temos obrigação de os acompanhar e conseguir que esses jovens tenham um futuro melhor”, defendeu.

Apesar de se destinar até ao secundário, o plano “incide mais nos mais jovens” por se ter constatado que “há níveis de retenção muito elevados no início do primeiro ciclo e nas mudanças de ciclo”, segundo o representante da CIM.

O problema que mais prevalece na região é a retenção e relativamente ao abandono, os responsáveis têm ainda algumas dúvidas.

Rui Caseiro está convencido que em algumas situações não se tratará de um verdadeiro abandono escolar, mas de alunos que saem da região com as famílias que emigram e que são dados como desistência, mas continuam no ensino lá fora.

No secundário, acredita que algumas desistências são para optar por outras vias, por exemplo, pela formação profissional.

O plano pretende também esclarecer essas dúvidas e contribuir para “alterar a realidade que caracteriza as Terras de Trás-os-Montes ao nível do insucesso e do abandono escolares no ensino obrigatório”.

A CIM Terras de Trás-os-Montes abrange os concelhos de Bragança, Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Vimioso, Vinhais, Vila Flor, Mogadouro e Miranda do Douro.

Continue a ler esta notícia