Escola: Clube da Conveniência previne conflitos - TVI

Escola: Clube da Conveniência previne conflitos

Greve dos professores

Estabelecimentos de ensino recorrem cada vez mais aos mediadores

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O Clube da Convivência da EB 2,3 da Senhora da Hora, em Matosinhos, >é um espaço onde professores e alunos aprendem a prevenir e a gerir os conflitos de forma positiva através da mediação, refere a Lusa

A iniciativa é da professora de Português Ana Paula Grancho, que, no início do ano lectivo, avançou com o projecto que envolve três professores e 15 alunos, do oitavo e nono ano de escolaridade.

O objectivo, explica a promotora, é trabalhar com os alunos sobre as questões dos conflitos e actuar na base desses valores.

«A área de intervenção do clube é a prevenção do conflito, o trabalho é feito na parte da convivência entre pares», acrescentou.

A necessidade de mediadores escolares internos é justificada com a mudança do perfil dos alunos e dos conflitos.

«No passado, havia apenas pequenos problemas de indisciplina que eram facilmente sanados, agora a violência agravou-se», realçou.

Para a docente, os métodos punitivos utilizados nas escolas «não estavam a resultar e foi isso que deu alento aos mediadores, que os incentivou a encontrar outras iniciativas e medidas alternativas».

«Os modelos de resolução de conflitos são autoritários e nem sempre trazem o ambiente e a paz necessária», disse.

Porém, defende, «o conflito é saudável e promove o crescimento, mas os jovens têm de aprender a resolvê-lo de forma adequada».

Professores, alunos e auxiliares educativos estão a procurar cada vez mais formação como mediadores para gerir conflitos em contexto escolar, disse a responsável pelo Instituto de Mediação da Universidade Lusófona do Porto.

Para a professora Elisabete Pinto da Costa, o mediador na escola funciona como «um agente ao serviço da melhoria da convivência no contexto escolar».

Assim, explica, a mediação escolar «é um instrumento de diálogo, de encontro interpessoal, de resolução e transformação positiva dos conflitos».

Há cada vez mais agentes escolares interessados na mediação, estando a decorrer já a terceira edição do curso de especialização de mediação de conflitos em contexto escolar, no Instituto de Mediação da Universidade Lusófona do Porto.

Custos financeiros reduzidos, rapidez e menos desgaste emocional são alguns dos benefícios da mediação que, com a ajuda de um elemento neutro e imparcial, pode solucionar conflitos laborais, familiares, patrimoniais e de consumo.

Porém, a falta de divulgação ainda faz com que este instrumento jurídico, ao dispor dos cidadãos desde 2002 em vários Julgados de Paz, seja pouco conhecido.

Segundo dados do Ministério da Justiça, o sistema de mediação tem revelado uma média de 60 por cento de sucesso.

Em 2008, dos casos que foram para mediação, 64 por cento terminaram em acordo, o que representa 1.460 processos. Os custos fixos são de 50 euros.

Contudo, para o presidente da Associação Portuguesa de Mediadores (APM), Bruno Caldeira, «ainda há muito a fazer na divulgação da mediação para incentivar as pessoas a aderir e a utilizar este instrumento».

A ausência de divulgação em tribunais, Juntas de Freguesia ou Comissões de Protecção de Crianças e Jovens são algumas das críticas apontadas ao Ministério.

A mediação é um processo extrajudicial voluntário e confidencial onde um terceiro elemento neutro, imparcial e independente auxilia as partes envolvidas a alcançarem um acordo justo e mutuamente satisfatório.


A mediação pode ser utilizada em conflitos com locação de bens móveis, indemnização por perdas e danos, inventários e partilhas, questões familiares, regulação e revisão do poder paternal dos filhos menores (sua guarda e pensão de alimentos), casa de morada de família e bens do casal, entre outros.
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