Regresso às aulas em tempo de pandemia: como estão os outros países a reagir - TVI

Regresso às aulas em tempo de pandemia: como estão os outros países a reagir

Em França, as aulas arrancaram no primeiro dia de setembro, com todos os alunos de máscara nas escolas e nas universidades. A Rússia também já regressou à escola, com a normalidade possível. Em Espanha, perante uma cada vez mais perto, há comunidades a adiar o arranque do ano letivo

Portugal está prestes a iniciar mais um ano letivo, numa altura em que persistem muitas dúvidas e incertezas. Se, por um lado, não estão ainda totalmente claras as regras para o regresso às aulas, nomeadamente no que toca ao uso de máscaras por crianças menores de 10 anos, por outro, prepara-se o ano letivo numa altura em que os números têm vindo a aumentar.

O aumento do número de novos casos não é exclusivo de Portugal e há países onde se fala já numa segunda vaga.

Lá fora, há países que já regressaram à escola, com medidas mais ou menos extremas. Outros, optaram por adiar, precisamente, porque o aumento dos números não transmite a segurança necessária.

Em Espanha, por exemplo, algumas comunidades autonómicas resolveram esperar. Em todo o caso, esta segunda-feira à noite, todos os professores e trabalhadores não docentes foram convocados para fazerem os testes serológicos, que permitem saber se já estiveram em contacto com o vírus.

Vejamos, de acordo com o que é conhecido, como está a ser o regresso às aulas em cada país ou como ele está a ser preparado.

Espanha

O Ministério da Educação espanhol colocou as decisões sobre o regresso à escola nas mãos das comunidades autonómicas, a quem cabem as competências acerca dos assuntos da Educação. Algumas comunidades optaram por fazer testes serológicos massivos, como é o caso das Astúrias e da Catalunha. Outras pediram aos pais declarações médicas que asseguram que as crianças não apresentam sintomas compatíveis com a covid-19 – é o caso também da Catalunha, mas ainda da Comunidade Valenciana e da Cantábria.

Todas as crianças com mais de seis anos são obrigadas a usar máscara na sala de aula ou no recreio, a não ser que pertençam aos chamados “Grupos Bolha”. Estes grupos não são mais do que grupos de convivência estável: grupos de 15 a 20 crianças e um professor, que podem interagir entre si, sem a obrigatoriedade do uso de máscara ou de manutenção de distanciamento interpessoal de forma tão estrita. Estas crianças não poderão conviver com pares de outros grupos. O objetivo da medida é minimizar os contactos e facilitar o rastreamento de contactos, no caso de um caso positivo de covid-19.

Mas as comunidades autonómicas também não se entendem quanto ao número que deve conter cada “Grupo Bolha” – Madrid, por exemplo, não quer mais do que 20 crianças, e La Rioja fala em 25.

Com o aumento do número de novos casos, algumas comunidades optaram por atrasar o regresso à escola. É o caso das Canárias, onde o início da escola estava previsto para 9 de setembro e o presidente do Governo local decidiu adiar, provisoriamente, para 15. Ainda assim, Víctor Torres considera “prematuro” tomar a data como certa, dada a evolução atual da pandemia.

Outras comunidades que decidiram adiar o retorno às escolas são as Astúrias, onde as aulas só devem começar a partir de 22 de setembro e será gradual. Os estudantes do Superior só devem regressar a 30.

Também Múrcia adiou o retorno para meio do mês.

Esta terça-feira à noite, todos os professores e trabalhadores não docentes dos estabelecimentos públicos de Madrid foram convocados, por email, para fazerem testes serológicos esta quarta-feira. Milhares de professores e pessoal administrativo concentraram-se esta manhã em longas filas em cada um dos cinco centros de testagem destacados para o efeito.

França

O regresso à escola aconteceu já esta terça-feira, primeiro dia do mês, em França, com todos os alunos com mais de 11 anos a serem obrigados a usar máscara. Cerca de 14,2 milhões de alunos voltaram à escola.

É um regresso “com a sombra da Covid-19”, conforme fez questão de recordar o ministro da Educação francês, Jean-Michel Blanquer, numa entrevista publicada no último domingo, no Journal du Dimanche.

O regresso faz-se com os olhos no presente e no futuro, mas sem esquecer o passado recente e o Ministério da Educação determinou o emprego de 1,5 milhões de horas suplementares no Segundo Grau, para reforçar o apoio personalizado às crianças, no sentido de recuperar o atraso ditado pelo encerramento dos estabelecimentos em março.

O ministro da Educação parece confiante e acredita que o ano escolar arrancou com “tudo pronto”. O protocolo sanitário foi atualizado no último sábado e inclui as seguintes medidas a destacar:

  • Utilização obrigatória de máscaras para crianças acima dos 11 anos.
  • Desinfeção obrigatória das mãos à entrada.
  • Realização de testes aleatórios, para controlo do contágio.
  • Em caso de encerramento por causa da covid-19, será oferecida educação parcial à distância.
  • Não será obrigatória a distância social nas cantinas. Mas não significa que não possa sem colocada em prática por cada escola, se o entender e tiver condições para isso. É aconselhada a criação de corredores de circulação, para minimizar o contacto. As balizas horárias para casa turma poder aceder ao refeitório também são aconselhadas, de forma a evitar aglomerações.

Reino Unido

O arranque do ano letivo no Reino Unido é marcado por uma petição que pede ao governo britânico que deixe os pais escolherem se querem mandar os filhos para a escola ou não. O documento já foi assinado por 110 mil pessoas.

A petição foi lançada por Jennifer Dunstan, uma britânica de 40 anos, com uma doença autoimune e com um filho com síndrome de Asperger. Caso não envie o filho para a escola, Jennifer arrisca-se a ser multada, já que o Governo britânico ameaça multar os pais cujos filhos faltarem à escola, caso não haja uma razão válida para a falta de comparência, avança a BBC.

Numa carta enviada ao secretário da Educação britânico, Gavin Williamson, um grupo constituído por mais de 250 psiquiatras alertam que forçar as crianças a voltar à escola pode desencadear crises de ansiedade graves.

Bélgica

Na Bélgica, a primeira-ministra, Sophie Wilmès, considerou "fundamental que as crianças possam retomar uma vida escolar normal ou tão normal quanto possível". Tal como em França, as aulas começaram esta terça-feira.

Dentro das salas de aula, os alunos e os professores são obrigados a usar máscara, que só pode ser retirada nos espaços exteriores.

Grécia

A Grécia é talvez o país com a imposição de medidas mais radicais no que toca ao uso de máscara. Ela é exigida já às crianças mais pequenas, que frequentam os graus de ensino mais baixos. A máscara é obrigatória em crianças a partir do jardim de infância.

República Checa

O uso de máscara não é obrigatório, mas apenas recomendado e cabe a cada escola implementar as medidas que considerar adequadas.

Por isso, apesar da obrigatoriedade não vir de cima, há estabelecimentos que a colocaram em prática. Há ainda escolas que implementaram nos espaços comuns sistemas de medição de temperatura corporal automática e a desinfeção das mãos é obrigatória.

Itália

O regresso às aulas num dos países europeus que mais sofreu com a pandemia acontece, tal como em Portugal, a partir do dia 14 de setembro. A Itália vai implementar, já desde o início, um sistema misto, que combina ensino presencial com ensino à distância.

Rússia

O regresso à escola aconteceu também esta terça-feira na Rússia, no dia em que o país ultrapassou a 'barreira' de um milhão de infetados.

Ainda assim, as crianças cumpriram a tradição de levar para a escola um ramo de flores.

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