Jovem detido por escravizar portugueses em Espanha - TVI

Jovem detido por escravizar portugueses em Espanha

Agricultor (arquivo)

Contratava trabalhadores e, depois de lhes retirar os documentos, obrigava-os a trabalhar «de sol a sol», sem ordenado e impedia-os de voltar a Portugal

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Um homem de 27 anos, residente no concelho do Sabugal, foi constituído arguido por suspeitas de ter explorado quatro jovens portugueses em Espanha, anunciou esta quinta-feira a Polícia Judiciária (PJ) da Guarda.

O homem foi constituído arguido no âmbito de um inquérito a um caso de suspeitas de escravidão de pessoas em Espanha e, segundo fonte do Departamento de Investigação Criminal da PJ da Guarda, na fase de inquérito foram recolhidos indícios de que o suspeito terá praticado crimes de tráfico de pessoas, sequestro, escravidão e ofensas à integridade física, entre os anos de 2006 e 2009.

A PJ adianta que as vítimas foram quatro jovens com idades entre os 21 e os 27 anos, recrutados pelo indivíduo «na zona de Pinhel», onde se encontravam acolhidos numa instituição.

De acordo com um comunicado da polícia, o suspeito terá recrutado «diversos cidadãos portugueses para irem trabalhar em atividades agrícolas em Espanha, sempre com a promessa de bons salários e boas condições de alojamento e de alimentação».

«Os trabalhadores recrutados eram transportados para Espanha pelo próprio arguido, que lhes retirava os documentos de identificação e os obrigava, mediante coação e com recurso a ofensas à integridade física, a trabalharem de sol a sol sem que depois lhes entregasse qualquer retribuição pelo seu trabalho, impedindo-os, ainda, de regressarem a Portugal», refere.

Fonte da PJ disse à Lusa que o suspeito, natural da Guarda, «ficava-lhes com os documentos e prometia-lhes um determinado salário mas, depois, não lhes entregava nada».

Acrescentou que, para além de lhes «tirar a liberdade, ameaçava-os e retirava-lhes os documentos».

As vítimas «foram sempre alojadas em locais sem o mínimo de condições de habitabilidade e higiene» e em circunstâncias consideradas «degradantes», contou.

Segundo fonte policial, este caso é semelhante a outros já investigados anteriormente e as vítimas, por norma, são «indivíduos que apresentam um quadro de alguma fragilidade».

A investigação da PJ da Guarda foi realizada em colaboração com as autoridades espanholas, tendo o inquérito sido remetido ao Ministério Público com proposta de dedução de acusação para o arguido, que se encontra em liberdade.
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