Um homem de 74 anos acusado de ter esfaqueado mortalmente um vizinho de 38 anos num prédio em Aveiro negou hoje o crime, afirmando não saber como é que a sua navalha apareceu junto ao corpo da vítima.
“Quando estava no meu quarto, ouvi gritar que o homem tinha sido esfaqueado. Eu não tinha nenhuma faca comigo”, disse o arguido, durante a primeira sessão do julgamento, no Tribunal de Aveiro.
Questionado pela juíza presidente, o septuagenário disse que foi socorrer a ex-companheira que estava a ser agredida pelo vizinho nas escadas do prédio, e deu-lhe “dois empurrões”, depois de este lhe ter dado “dois estalos”.
“Ele caiu e bateu com a cabeça na quina da entrada do apartamento e desmaiou. Virei costas e fui para o meu quarto”, disse o arguido, negando ter espetado a faca na vítima.
O homem assumiu ainda a posse da navalha que foi encontrada junto ao corpo, mas não sabe como é que ela foi lá parar, tendo referido que a ex-companheira tinha estado a amanhar peixe com a faca.
Também não soube explicar como é que apresentava manchas de sangue da vítima no seu pé.
Na mesma sessão foi também ouvida a ex-companheira do arguido que disse que aquele lhe entregou a faca “cheia de sangue”, dizendo-lhe para a lavar e a colocar junto ao corpo. Negou ainda ter estado a amanhar peixe naquele dia com a referida navalha.
Os factos ocorreram a 30 de julho de 2018, pelas 23:20, nas escadas de um prédio de quartos arrendados a pessoas apoiadas pela Segurança Social, situado no centro da cidade de Aveiro, na sequência de uma discussão entre o arguido e a vítima.
Segundo a acusação do Ministério Público (MP), o arguido aguardou que o vizinho se virasse de costas para subir as escadas em direção à sua habitação, situada no segundo andar, e desferiu um primeiro golpe com a navalha no peito.
Com a vítima já caída no chão e incapaz de oferecer resistência, o arguido terá desferido um segundo golpe, agora na zona do pescoço.
De seguida, voltou ao seu apartamento, fechou a porta, trocou de roupa e ordenou que a sua companheira limpasse a navalha, refere o MP.
O homem, que se encontra detido em prisão preventiva, está acusado de um crime de homicídio qualificado.