Crise no jornalismo: conferência visa reunir "propostas concretas" - TVI

Crise no jornalismo: conferência visa reunir "propostas concretas"

  • AG
  • 3 dez 2019, 07:43

Vários administradores e diretores dos órgãos de comunicação social estiveram presentes na abertura do encontro

A conferência Financiamento dos Media, organizada pelo Sindicato dos Jornalistas, na segunda e na terça-feira, visa pensar o papel do Estado no setor e reunir propostas concretas para entregar aos poderes legislativo e executivo.

Os objetivos da conferência são, sobretudo, refletir, mas refletir no sentido de provocar alterações, ou seja, não é só para discutir ou fazer um diagnóstico, mas reunir algumas propostas com ações concretas, que serão depois entregues ao poder legislativo e ao poder executivo”, afirmou Sofia Branco, presidente do Sindicato dos Jornalistas, em declarações à agência Lusa.

A responsável adiantou que o sindicato vai apresentar uma proposta na abertura da conferência, que “não é uma proposta fechada” e que pode integrar os contributos dos oradores que marcarão presença no evento, aos quais foi pedido que apresentem, nas suas intervenções, “não um diagnóstico, mas propostas concretas de ação” sobre o que fazer perante o atual estado do setor, que “não é, obviamente, saudável”.

A presidente do Sindicato de Jornalistas recordou que o Presidente da República, que dá o alto patrocínio à conferência, tem alertado para o tema em diversas ocasiões, frisando tratar-se de “uma questão democrática”.

O jornalismo é um bem público, que, no caso português, também é fornecido por entidades privadas, e, portanto, o que gostávamos de ver discutido é que papel deve ter o Estado nestes casos e também discutir o papel que já tem nos casos da RTP e da Lusa”, frisou.

Sofia Branco salientou também que é “prioritário” pensar o papel do Estado como um todo, e não o papel do Governo, e pensar “como é que o Estado se posiciona perante um setor que é um bem público, independentemente de ser prestado por entidades públicas ou privadas”.

A jornalista frisou ainda que o financiamento dos media está a prejudicar o jornalismo, que, “infelizmente, não se faz sem dinheiro”.

Há muito amor à camisola no jornalismo em Portugal e um grande sentido de missão, mas isso não chega”, disse Sofia Branco, destacando que a dimensão relacionada com o negócio pode ter "vários caminhos", nomeadamente um financiamento por parte de cidadãos e/ou fundações, para lá do modelo dominante, de cariz empresarial.

Segundo o Sindicato dos Jornalistas, a missão do jornalismo, de informar e escrutinar os poderes, está "sob ameaça – pelo desemprego, pela precariedade, pela excessiva concentração" e "as dificuldades de sustentabilidade do setor põem em risco a independência do jornalismo".

A conferência sobre o financiamento dos media contará, nomeadamente, com a participação do secretário de Estado do Cinema, do Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva, deputados de vários grupos parlamentares, responsáveis e profissionais de diversos órgãos de comunicação social, nacionais e regionais, jornalistas, académicos e investigadores, contando também com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a quem caberá o encerramento dos dois dias de trabalhos.

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