Covid-19: Portugal com mais mortos por milhão de habitantes do que os EUA - TVI

Covid-19: Portugal com mais mortos por milhão de habitantes do que os EUA

  • Henrique Magalhães Claudino
  • 15 jan 2021, 17:01
Regresso ao confinamento em Portugal

Nos primeiros 15 dias do mês, o país ultrapassou os valores dos Estados Unidos por dez vezes. Média é também superior à nação que chegou a estar no epicentro da pandemia

Nos últimos 15 dias, Portugal ultrapassou dez vezes os Estados Unidos em termos de mortos por milhão de habitantes decorrentes da pandemia de covid-19. 

Esta sexta-feira, tal como nos dias 1; 2; 3; 4; 9; 10; 11; 12; 13 e 14, Portugal registou valores superiores aos dos Estados Unidos.

No período em análise, é possível verificar como os Estados Unidos detêm uma média de mortos diários por milhão de habitantes (9.4 mortos) inferior à de Portugal (10.7 óbitos).

A tendência crescente da pandemia no nosso país destaca-se também quando comparada com os números diários de infeções por covid-19 no Reino Unido, na Espanha, França e Alemanha desde o Natal.

No panorama europeu, Portugal foi um dos países com restrições mais leves no Natal e no Ano Novo. Marcelo, em debate com o candidato presidencial Tiago Mayan, chegou mesmo a referir que existiu um “laxismo” durante esse período. 

 

Recorde-se que no Natal não foi definido nenhum limite de pessoas e foi também autorizada a circulação entre concelhos e na via pública.

Para entender os efeitos desse “laxismo” no espectro da Europa vale a pena observar a evolução do número de casos por milhão de habitantes em Portugal e nos “vizinhos” do continente, a seguir ao Natal e até agora.

No gráfico abaixo é possível ver como Portugal está numa situção pandémica crescente, estando pelo menos dezassete dias com valores mais elevados do que a Alemanha, Itália e França. O país chega mesmo a ultrapassar todos os "vizinhos europeus", incluindo o Reino Unido, nos dias 9, 12, 13 e 14 de janeiro.

 

De notar que do dia 5 para o dia 6 de janeiro existiu uma variação percentual de 102% em relação ao número de infetados por um milhão de habitantes.

O Reino Unido permanece a maior parte do tempo à frente da lista, registando um pico no dia 8 de janeiro, mas conseguindo recuar a partir daí no número de casos, relativamente a Portugal e a Espanha que, no dia 11 de janeiro, verifica um pico estrondoso de casos por milhão de habitantes - dia em que regista 10.519 novas infeções e 280 óbitos em 24 horas.

No Natal, a Inglaterra permitiu três agregados nas áreas de menor risco. Por outro lado, a Escócia e o País de Gales permitiram reuniões no dia 24 e 25 de dezembro.

Estratégia diferente teve a Espanha que permitiu até 10 pessoas por casa no Natal e no Ano Novo. As viagens entre regiões só foram permitidas para visitar amigos e familiares, dependendo da severidade dos surtos por região.

Já a Alemanha, como o Reino Unido e Portugal, decidiu voltar a impôr um confinamento geral até ao final de janeiro. No Natal, foram autorizadas reuniões com mais de quatro pessoas de fora do agregado familiar direto. 

França foi o país que mais se assemelhou a Portugal na estratégia de combate à pandemia no Natal. O governo de Macron decidiu não restringir o número de pessoas a conviver no dia 24 e 25 e levantou as limitações à circulação das 20:00 às 6:00 na véspera natalícia.

Desviando as atenções para a situação pandémica no nosso país, é claro o avanço da pandemia perante a situação vivida em abril e novembro.

 

Uma comparação entre os primeiros quinze dias do mês de novembro e de abril revela uma média de novas infeções diárias de 5068 e de 709,8, respectivamente. No mesmo período, o mês de janeiro denota até ao momento uma média de 7652,7 novos casos de doença diários.

Esta sexta-feira marca o primeiro dia de confinamento generalizado em Portugal, num momento completamente idiossincrático com aquele vivido no primeiro lockdown em março e abril.

Portugal contabilizou esta sexta-feira 159 mortes, um novo máximo de óbitos relacionados com a covid-19 em 24 horas, e 10.663 novos casos de infeção com o novo coronavírus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).

 

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