Ikea paga indemnizações por mortes com cómodas à venda em Portugal - TVI

Ikea paga indemnizações por mortes com cómodas à venda em Portugal

  • Paulo Delgado
  • 22 dez 2016, 18:31
Ikea retira móveis MALM do mercado

Nos Estados Unidos, a marca de mobiliário sueca vai pagar 48 milhões de euros de indemnizações pela morte de três crianças. As cómodas da gama Malm foram retiradas do mercado, mas mantêm-se à venda na Europa

Em Portugal, em qualquer loja Ikea, a avaliar pelo catálogo disponível, continuam à venda as cómodas da gama Malm. Já no passado mês de junho, a empresa anunciou a sua retirada dos mercados norte-americano e canadiano.

Em causa estiveram os casos de mortes de crianças por acidente. Só nos Estados Unidos foram recolhidas 29 milhões de unidades, após terem sido reportados sete casos fatais desde 1989, envolvendo cómodas da gama Malm, segundo revela o jornal norte-americano Philadelphia Inquirer.

Agora, a marca sueca aceitou pagar uma indemnização de 50 milhões de dólares, cerca de 48 milhões de euros, às famílias das três crianças. Camden, Curren e Theodore tinham todos menos de dois anos e morreram na sequência de acidentes com uma cómoda Malm, entre junho de 2014 e fevereiro de 2016.

A imprensa internacional dá nota de que os processos judiciais corriam nos tribunais da cidade de Filadélfia. A marca sueca chegou a acordo com o escritório de advogados que representava as famílias das crianças sobre o valor da indemnização e vai ainda doar 100 mil dólares a uma instituição de caridade e 50 mil dólares a cada um de três hospitais pediátricos localizados nas áreas onde os meninos moravam.

À venda na Europa, Portugal incluído

Nos Estados Unidos, durante a batalha legal que durou nos tribunais, a marca sueca de mobiliário sempre argumentou haver más práticas dos consumidores, que desrespeitavam as normas de segurança indicadas nas instruções.

Em concreto, a marca recomenda que as cómodas da gama Malm sejam sempre fixadas a uma parede, de forma a evitar que tombem.

Ao que a TVI24 apurou, a retirada das cómodas do mercado norte-americano prendeu-se com determinadas normas de segurança, diferentes das que vigoram na Europa, onde continuam à venda, nalguns países. E onde não há conhecimento de nenhum caso mortal.

Nos Estados Unidos, há ainda três outros processos contra a marca sueca, por ferimentos em duas crianças e um idoso, devido às gavetas das cómodas, segundo refere o jornal britânico Mirror, ao qual uma porta-voz da Ikea confirmou o acordo para a indemnização das três vítimas mortais nos Estados Unidos.

Podemos confirmar que um acordo foi alcançado, mas ainda não está aprovado pelo tribunal, pelo que seria inapropriado para nós fazer agora qualquer comentário", sublinhou uma porta-voz da marca em Inglaterra.

Cómodas devem ser fixadas à parede

Contatada pela TVI24, a Ikea esclareceu que a decisão tomada nos Estados Unidos e Canadá, de retirar as cómodas no mercado, "não será aplicada nos restantes mercados, incluindo Portugal".

As cómodas IKEA cumprem os requisitos de segurança em vigor em todos os mercados onde são vendidas e não constituem perigo quando fixadas à parede, conforme explicado nas instruções de montagem. Os acessórios de ferragem encontram-se incluídos na embalagem do produto e disponibilizados gratuitamente em todas as lojas", salienta a marca sueca, no esclarecimento enviado.

A Ikea esclarece ainda que, nas suas lojas no Canadá e Estados Unidos, a retirada dos móveis se deveu ao cumprimento "da norma ASTM F2057-14, aplicável exclusivamente na América do Norte".

Acidentes ocorridos levaram a marca a lançar em julho, à escala mundial, a campanha "Bem Seguro!", alertando os consumidores para a necessidade de ficar os móveis às paredes.

A marca sugeria mesmo aos seus clientes que, caso não conseguissem "fixar a sua cómoda à parede, segundo as instruções providenciadas", que contactassem "a IKEA para obtenção de esclarecimentos".

A segurança é uma prioridade para a IKEA. A marca sueca está totalmente comprometida em tornar a casa um lugar mais seguro e, neste sentido, está a desenvolver um programa global para garantir que os clientes compreendem a necessidade de fixar todos os móveis altos à parede", sublinha a nota enviada à TVI24.

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