Mais de mil alunos perderam a bolsa em Coimbra este ano letivo - TVI

Mais de mil alunos perderam a bolsa em Coimbra este ano letivo

Protesto de estudantes em Coimbra (Paulo Novais/Lusa)

«Sentimos que não chegamos a todos os estudantes», dizem serviços sociais

Um inquérito dos Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra a que a agência Lusa teve acesso revela que dos 1.300 estudantes que perderam a bolsa 77% pode abandonar os estudos.

Regina Bento, administradora dos Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra (SASUC), alertou que o número obtido com o inquérito «é apenas uma gota de água», pois a investigação foi dirigida somente aos alunos «que se candidataram à bolsa e viram o pedido recusado». A candidatura às bolsas é anual.

O inquérito, realizado em março, pretendia «dar uma resposta imediata» e direcionar os vários casos para «o Fundo de Apoio Social ou para uma reavaliação da bolsa», explicou Regina Bento, referindo que de momento há 3.700 estudantes bolseiros, quando chegavam a ser «6.000, há 10 anos».

«A alteração do regulamento de atribuição de bolsas veio reduzir imensamente o número de bolseiros», constatou, acrescentando que «muito poucos alunos têm um plano B, caso percam a bolsa».

O inquérito dos SASUC ainda não está fechado, visto que poderão ser analisados mais casos de alunos que perderam bolsa até ao final de maio, informou a administradora.

Para além do inquérito, os SASUC pretendem «desenvolver mecanismos de sinalização para impedir abandonos precoces do ensino superior». «Sentimos que não chegamos a todos os estudantes» e que estes «estão pouco informados» sobre os mecanismos e estruturas a que poderão recorrer, aclarou Regina Bento.

Apesar de tal observação, os SASUC têm registado mais «pedidos de emergência», parte deles «de alimentação» e alguns «de apoio em material escolar».

Para estas situações, há também um encaminhamento para o Centro de Acolhimento João Paulo II, Cáritas e Instituto Justiça e Paz, através de uma rede de apoio articulada.

No presente ano letivo, o Instituto Justiça e Paz já apoiou 62 estudantes. «Quarenta apoios foram para propinas e 22 apoios em aconselhamento, explicações e géneros alimentares», disse à agência Lusa Raquel Azevedo, coordenadora do Fundo Solidário do instituto.

«Aquando da criação do fundo [há quatro anos], os pedidos eram para ajuda no pagamento de propinas. Agora, os pedidos para o pagamento de rendas e de apoio em alimentação têm aumentado», observou.

A Cáritas de Coimbra ajudou, em 2013, 37 estudantes e em 2014 registaram 11 apoios, informou Carina Dantas, diretora do Departamento de Inovação da Caritas de Coimbra.

Já o Centro de Acolhimento João Paulo II apoia «15 famílias com 17 estudantes universitários, 14 estudantes no âmbito do Projeto Lado a Lado (alojamento em casa de idosos sozinhos) e 12 estudantes em apoio individual», afirmou Sandra Nunes, assistente social da instituição.

De acordo com Sandra Nunes, «nota-se que há cada vez mais estudantes a solicitar apoio», sendo os pedidos normalmente para «propinas, alimentação e passes de autocarro».

Também o Instituto Politécnico de Coimbra (IPC), que reencaminha alguns dos casos para a rede do Fundo Solidário, registou um aumento dos apoios dados a estudantes «sem bolsa ou que a perderam».

Segundo dados fornecidos pelo secretariado dos Serviços de Ação Social, o IPC apoiou sete estudantes em 2011, 15 em 2012, 12 alunos em 2013 e regista já 23 apoios em 2014, sendo estes apoios para o pagamento de propinas ou de alojamento em residências.
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