Covid-19: hospitais públicos do Norte foram os mais eficientes na primeira fase da pandemia - TVI

Covid-19: hospitais públicos do Norte foram os mais eficientes na primeira fase da pandemia

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  • 16 mar 2021, 09:12
Hospital São João

O estudo concluiu que "os hospitais do grande Porto são os que apresentam maior capacidade de prestação de serviços e os que tiram melhor partido dos seus recursos"

Os hospitais públicos do Norte do país foram os mais eficientes nos primeiros meses de combate à pandemia da covid-19, concluiu um estudo da Coimbra Business School (CBS), que envolveu 37 unidades.

Segundo as conclusões, a que a agência Lusa teve acesso, "os hospitais do grande Porto são os que apresentam maior capacidade de prestação de serviços e os que tiram melhor partido dos seus recursos".

A generalidade dos hospitais apresentou em 2020 índices negativos de produtividade e de evolução tecnológica face a 2019, evidenciando o impacto maciço que a pandemia teve no seu desempenho", sintetiza a Coimbra Business School.

A investigação demonstrou que 21 hospitais públicos foram eficientes em Portugal no ano de 2019, mas apenas 17 atingiram o mesmo estatuto em 2020.

Mesmo assim, e apesar dos impactos da covid-19, alguns hospitais só se tornaram eficientes em 2020", esclarece Maria do Castelo Gouveia, uma das autoras do estudo.

O Hospital Espírito Santo de Évora e do Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila Conde foram os únicos que viram aumentar os seus níveis de eficiência durante 2020.

A generalidade dos hospitais apresentou em 2020 índices negativos de produtividade e de evolução tecnológica face a 2019, evidenciando o impacto maciço que a pandemia teve no seu desempenho", salienta a CBS.

A investigação avaliou o impacto da pandemia da covid-19 na eficiência de 37 hospitais EPE [entidade pública empresarial], entre janeiro de 2019 e novembro 2020, recorrendo aos dados disponibilizados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Carla Henriques e Maria do Castelo Gouveia, professoras na CBS e autoras da investigação, basearam-se no número de médicos, enfermeiros e pessoal operacional em cada unidade de saúde, no número de camas, consultas externas, altas e urgências para identificar os fatores que levaram à evolução dos níveis de eficiência de cada hospital.

Os dados apresentados no estudo demonstram que todos os hospitais do país tiveram um aumento de recursos - humanos e logísticos - mas que foram os do Norte os que melhor souberam aproveitá-los.

Com a contratação de mais mão-de-obra qualificada, os hospitais do Norte do país conseguiram prestar mais serviços, nomeadamente na condução de consultas externas, urgências e altas hospitalares", afirma Carla Henriques, salientando que "aumentar as altas clínicas nem sempre é equivalente a uma melhor performance", pois, em alguns hospitais, "esta situação pode ter servido apenas para libertar recursos".

No estudo sobre a eficiência dos hospitais, o Algarve passou do segundo lugar, em 2019, para o primeiro lugar em 2020.

O Hospital de São João, no Porto, que se classificou em oitavo lugar em 2019, subiu para o segundo em 2020.

O terceiro posto do ‘ranking' manteve-se no Centro Hospitalar e Universitário do Porto.

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra caiu do primeiro lugar em 2019 para a quarta posição em 2020.

Já o Centro Hospitalar de Leiria passou do 18.º posto em 2019 para o quinto lugar em 2020.

O Centro Hospitalar de Lisboa Norte, onde se inclui o Hospital de Santa Maria, desceu da 9.ª posição em 2019 para a 28.ª em 2020, sendo o hospital que mais caiu no ‘ranking'.

Os Centros Hospitalares de Lisboa Ocidental e de Lisboa Central (onde se insere o Hospital de São José) ocupam as últimas posições na tabela, em ambos os anos [2019 e 2020], precedidos pelo Garcia de Orta, em Almada, e pelo Centro Hospitalar de Setúbal.

À exceção do Hospital Espírito Santo de Évora e do Hospital Santa Maria Maior, de Barcelos, a grande generalidade das unidades hospitalares apresentou níveis negativos de produtividade já que, "com o aparecimento da pandemia, a redução de atividades como consultas externas, não urgentes e ambulatório provocou uma subutilização de recursos e, consequentemente, o equivalente a um retrocesso tecnológico", concluiu Carla Henriques.

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