Dois terços dos médicos estão em situação de exaustão - TVI

Dois terços dos médicos estão em situação de exaustão

  • Redação
  • AM - Notícia atualizada às 13:43
  • 28 nov 2016, 08:19

São os médicos mais jovens que apresentam os níveis mais elevados nos três indicadores de ‘burnout’ avaliados num estudo nacional: exaustão emocional, distanciamento face ao doente

Dois terços dos médicos em Portugal admitem estar em elevado estado de exaustão emocional, um dos indicadores relevantes associado ao stress profissional crónico designado como ‘burnout’.

Segundo dados de um estudo de âmbito nacional sobre ‘burnout’ na classe médica, os profissionais das especialidades de neurocirurgia e de medicina legal são os mais afetados, a par dos médicos mais jovens.

Aliás, são os médicos mais jovens que apresentam os níveis mais elevados nos três indicadores de ‘burnout’ avaliados no estudo: exaustão emocional, distanciamento face ao doente (despersonalização) e diminuição da realização profissional.

Segundo dados parcelares do estudo, a que a agência Lusa teve acesso, além da exaustão emocional, 39% de todos os médicos indicaram níveis elevados de despersonalização e 30% mostraram altos níveis de diminuição da realização profissional.

O estudo, uma iniciativa conjunta da Ordem dos Médicos e do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, foi feito através de inquéritos a cerca de 10 mil médicos portugueses, dos perto de 50 mil convidados a responder.

O bastonário da Ordem dos Médicos confessa ter ficado surpreendido com a dimensão do problema: “Não estava à espera que o problema fosse tão grave, o que exige que se olhe para esta questão com muita atenção”.

José Manuel Silva lembra que os médicos em exaustão não estão em condições de prestarem os melhores cuidados aos doentes, embora “o inquérito tenha mostrado um elevado grau de empenhamento e dedicação aos doentes”.

A verdade é que os médicos portugueses não estão bem e isto exige medidas da parte da tutela”, frisou o bastonário, que pede melhores condições de trabalho, investimento na manutenção das instalações e na renovação das tecnologias.

Sobre os médicos mais jovens, que apresentam os mais elevados níveis de ‘burnout’, José Manuel Silva lembra que são colocados “perante enormes dificuldades e pressão”, “muitas vezes sem as devidas condições de trabalho” e instados “a trabalhar até à exaustão, nomeadamente nos serviços de urgência”.

Exaustão dos médicos pode tornar-se problema de saúde pública

Os elevados níveis de exaustão dos médicos podem vir a tornar-se um problema de saúde pública, alertou a Ordem dos Médicos, avisando que o esforço exigido aos clínicos é enorme e pode aumentar os erros cometidos.

Nídia Zózimo, coordenadora do estudo na Ordem dos Médicos, lembra que as condições de trabalho têm vindo a degradar-se, enquanto o esforço exigido aos profissionais continua em alta: “ou se faz algo para interromper este processo ou tornar-se-á um problema de saúde pública”.

A mesma ideia é partilhada pelo bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, para quem “o sistema está a criar todas as condições para que haja risco de aumentarem erros médicos”.

O bastonário da Ordem dos Médicos confessa ter ficado surpreendido com a dimensão do problema: “Não estava à espera que o problema fosse tão grave, o que exige que se olhe para esta questão com muita atenção”.

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