Elas perdem quase duas horas mais do que eles nas tarefas domésticas - TVI

Elas perdem quase duas horas mais do que eles nas tarefas domésticas

Tarefas domésticas

Estudo revela que, em média, as mulheres dedicam 4,23 horas diárias, contra 2,38 horas dos homens a este tipo de trabalho não remunerado

Cerca de sete em cada dez mulheres consideram que a parte das tarefas domésticas que realizam corresponde ao que é justo, segundo o Inquérito Nacional aos Usos do Tempo de Homens e de Mulheres (INUT).

Já 21,6% das mulheres, contra 4,8% dos homens, pensam fazer mais do que é justo, refere o estudo, realizado pelo Centro de Estudos para a Intervenção Social (CESIS) em parceria com a Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE).

O inquérito envolveu uma amostra de 10.146 pessoas, representativa da população residente em Portugal com 15 anos ou mais anos, e um “conjunto de 50 entrevistas em profundidade a mulheres e homens que, vivendo em situação de conjugalidade ou monoparentalidade, articulam na sua vida quotidiana uma atividade profissional e os cuidados” com os filhos menores de 15 anos.

Segundo o estudo, coordenado pela investigadora do CESIS, Heloísa Perista, em todos os grupos etários são as mulheres que dedicam mais tempo às tarefas domésticas e prestação de cuidados a menores e pessoas dependentes.

Em média, as mulheres dedicam 4,23 horas diárias, contra 2,38 horas dos homens a este tipo de trabalho não remunerado.

Somando o trabalho pago e não pago, o estudo conclui que, em média, as mulheres trabalham, em cada dia útil, mais 1,13 horas do que os homens.

Repartição de tarefas: o que elas acham

Apesar destas assimetrias, cerca de 70% das mulheres consideram que a parte das tarefas domésticas que realizam corresponde ao que é justo, contra 75,6% dos homens.

São as mulheres que vivem com menores de 15 anos que consideram “fazer mais do que é justo”, o que indica que "o sentimento de injustiça face à partilha das tarefas domésticas expresso pelas mulheres" pode ser potenciado pela existência de crianças, refere o inquérito, realizado entre abril e novembro de 2015 e que é divulgado hoje em Lisboa.

O estudo revela também que “a partilha do cuidado e a articulação entre responsabilidades parentais e trabalho pago são domínios que, apesar de uma crescente ‘reivindicação’ por parte dos homens do seu direito à paternidade, ainda evidenciam a persistência de desigualdades de género”.

Cerca de 17% das mulheres, face a 7,6% dos homens, disseram que dedicam diariamente uma hora ou mais aos cuidados físicos com os filhos, como alimentar e dar banho.

Também são as mulheres quem mais sentem as implicações das responsabilidades parentais no emprego, com mais de uma em cada três a assumir que teve dificuldades em concentrar-se, algumas vezes no trabalho, durante o último ano.

Já a maioria dos homens (74,2%, face a 64,9% das mulheres) disse que nunca ou raramente sentiu esta dificuldade.

Para os autores do estudo, os resultados “ilustram claramente” que o nascimento dos filhos “constitui muitas vezes um ponto decisivo no qual se definem ou reforçam assimetrias de género”.

Na prática, é à mãe que cabe tipicamente a incumbência de assegurar o bem-estar da criança nos primeiros meses de vida, enquanto o pai, se presente, cumpre o papel de provedor económico a par de uma função auxiliar no que toca a cuidados físicos ou emocionais”, salientam.

Os investigadores do projeto INUT, iniciado em outubro 2014, esperam que este diagnóstico permita “sensibilizar para a necessidade de uma distribuição mais equilibrada do trabalho não pago de cuidado” e formular recomendações para as políticas públicas no domínio da articulação da vida profissional, familiar e pessoal, enquanto instrumento para a igualdade de género, segundo apurou a Lusa.

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