Incontinência urinária: minoria diagnosticada e tratada - TVI

Incontinência urinária: minoria diagnosticada e tratada

Vítima (arquivo)

Uma em cada cinco mulheres portuguesas sofre da doença, revela estudo

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Uma em cada cinco mulheres portuguesas sofre de incontinência urinária, mas apenas uma minoria é diagnosticada e tratada, revela um estudo sobre a prevalência da doença em Portugal, a que a Lusa teve esta sexta-feira acesso.

A incontinência urinária, cujo Dia Mundial se assinala sábado, é uma situação patológica que resulta da incapacidade em armazenar e controlar a saída da urina.

Minorar impacto físico

«Embora os sintomas sejam frequentes, uma minoria é diagnosticada e, consequentemente, tratada, sendo essencial informar tanto a população como os profissionais de saúde no sentido de minorar o seu impacto físico, psicológico e económico», defende Sofia Correia, da Faculdade de Medicina do Porto.

A investigadora, do Serviço de Higiene e Epidemiologia da Faculdade de Medicina do Porto, pretendeu quantificar a prevalência de incontinência urinária auto-declarada e diagnosticada e de sintomas de bexiga hiperactiva em Portugal e caracterizar o tipo de tratamento entre os indivíduos com diagnóstico de incontinência.

Através de um questionário telefónico a indivíduos com idade igual ou superior a 40 anos, realizado em 2008, obteve-se informação sócio-demográfica, história obstétrica (mulheres) e clínica e dados de consumo tabágico.

Quase dois mil doentes avaliados

Foram avaliados 1.934 indivíduos residentes em Portugal Continental. A prevalência de, pelo menos, um episódio de incontinência urinária no mês anterior à entrevista foi, nas mulheres, de 21,4 por cento, sendo mais elevada entre os 60-79 anos.

A incontinência urinária de esforço, que decorre da fragilidade dos músculos pélvicos que suportam a bexiga e a uretra, foi a mais frequente, correspondendo a 42,2 por cento dos casos. Nos homens a prevalência global foi de 7,6 por cento e mais elevada naqueles com idade igual ou superior a 80 anos.

Pesadelo durante «13 anos longos anos»

Assunção Monteiro, de 42 anos, sofreu em silêncio, durante «13 longos anos», de incontinência urinária. A «vergonha» que sentia em admitir a sua doença, mesmo perante o médico de família, transformou-lhe a vida num «autêntico pesadelo».

«Não podia rir, não podia dançar, não podia chorar, não podia abrir uma torneira de água. Se o fizesse ficava toda molhada e a urina passava até para o exterior da minha roupa. Era uma vergonha», explicou.

Condiciona a vida

Como se trata de um assunto que toca a intimidade da pessoa, a incontinência urinária ainda é encarada como um tabu que condiciona a vida do doente a vários níveis: pessoal, familiar, social e laboral.

«Este problema pode conduzir a uma fuga do contacto social e ao isolamento, porque está sempre presente o medo e a vergonha de que os outros sintam o cheiro. Pode afectar também a relação conjugal, uma vez que a intimidade do casal é prejudicada», explicou o presidente da Associação Portuguesa de Neuro-Urologia e Uro-Ginecologia (APNUG), Paulo Dinis.

De acordo com o especialista, «a percentagem de doentes que recorre ao médico por problemas de incontinência comparada com a percentagem dos que se auto-medicam ou auto-protegem é inferior a 10 por cento, o que é grave, visto que hoje dispomos de armas terapêuticas capazes de curar ou controlar a maior parte das situações».
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