Portugueses consideram ter menos risco de contrair Covid-19 um mês após confinamento - TVI

Portugueses consideram ter menos risco de contrair Covid-19 um mês após confinamento

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  • 25 abr 2020, 08:46
Covid-19 no Porto

Segundo o Barómetro Covid-19, cidadãos demonstram agora maior confiança na capacidade de resposta dos serviços de saúde e do Governo

Depois de um mês de confinamento, os portugueses consideram ter menos risco de infeção pelo novo coronavírus e demonstram maior confiança na capacidade de resposta dos serviços de saúde e do Governo, segundo o Barómetro Covid-19.

“Mesmo entre as pessoas que consideram atualmente ter um “risco elevado” de contrair Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus, a grande maioria está “confiante” ou “muito confiante” na capacidade de resposta do governo (83,9%) e na dos serviços de saúde (81,4%) à pandemia”, afirma Sónia Dias coordenadora científica do inquérito Opinião Social, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), divulgado este sábado.

O inquérito sobre a evolução das perceções dos portugueses em tempos de pandemia, que reuniu 166.886 respostas, mostra que “os portugueses estão a adaptar-se aos fatores diretamente relacionados com a Covid-19, mas a sentir dificuldades em gerir a vida quotidiana de confinamento em casa”.

Segundo o estudo, a perceção individual do risco de contrair covid-19 sofreu “uma alteração notória”, com uma diminuição de cerca de 25% da proporção de pessoas que considera ter um “risco elevado” (semana um 20,6% e semana quatro 15,5%).

Observou ainda uma variação de mais 21% no grupo das pessoas que consideram ter um “risco baixo” (semana um 33,4%; semana quatro 40,3%).

Para os investigadores, a adaptação das pessoas a uma nova vida em confinamento pode ser uma explicação para esta alteração.

“Houve um grande esforço de todos para integrarem, nas suas rotinas diárias, novos comportamentos de proteção. Hoje em dia, com estas medidas mais rotinadas e com mais informação disponível sobre a Covid-19, as pessoas podem estar a sentir-se mais capazes e confiantes para gerir esta situação, percecionando um menor risco”, afirma Sónia Dias, citado num comunicado da ENSP.

Outra possível explicação pode estar no aumento do nível de confiança na capacidade de resposta do governo e dos serviços de saúde.

Se no início do inquérito 7,5% das pessoas estava “muito confiante”, ao longo das semanas esta proporção aumentou para mais do dobro (16,2%).

Estes resultados são também reforçados pelo facto de, na primeira semana, cerca de um terço (30,6%) referir estar “pouco confiante”, quando atualmente apenas 14,3% o refere.

Os idosos são quem continua a referir maior nível de confiança: 30,9% referem estar “muito confiante” comparativamente com 12% dos jovens entre os 16 e 25 anos.

Relativamente à adequação das medidas de combate à pandemia, a proporção dos inquiridos que as consideram “pouco ou nada adequadas” diminuiu de 25,2% para 9,8%.

Ao analisar a evolução da perceção da adequação das medidas e o nível de confiança na capacidade de resposta do Governo, por nível de escolaridade, os dados revelam que o aumento mais significativo foi nos grupos que reportaram não ter ensino superior.

Também se verificou um aumento nas pessoas que estão em teletrabalho, com 12,5% a considerar as medidas “muito adequadas” na primeira semana, número que subiu para 27,2% na terceira.

Mesmo as pessoas que suspenderam a sua atividade reportaram uma crescente perceção da adequação das medidas (semana um 9% “muito adequadas”, 21,3% na semana três).

O nível de confiança na capacidade de resposta dos serviços de saúde quase duplicou, passando de 9,4% para 17% as pessoas que dizem estar “muito confiantes”.

Apesar dos resultados do estudo, a frequência com que as pessoas reportam sentir-se agitadas, ansiosas, em baixo ou tristes mantém-se constante ao longo das semanas, com cerca de 80% a reportar já se ter sentido assim e 9% diariamente.

“Esta ansiedade pode estar mais ligada a aspetos de caráter individual e de gestão da vida quotidiana”, resultantes do confinamento, do que propriamente com os aspetos relacionados com a doença ou com a resposta das entidades de saúde, diz Sónia Dias, defendendo que é preciso fazer chegar às pessoas estratégias concretas para gerirem melhor a vida laboral e familiar.

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