Tratar apneia do sono reduz risco cardiovascular - TVI

Tratar apneia do sono reduz risco cardiovascular

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Conclusão é de um estudo da Faculdade de Medicina do Porto

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Um estudo da Faculdade de Medicina do Porto, esta terça-feira divulgado, demonstrou pela «primeira vez» que o uso de sistemas de pressão positiva contínua automática (APAP) reduz significativamente o risco cardiovascular nos doentes com apneia obstrutiva do sono, escreve a Lusa.

Segundo os investigadores, os sistemas de pressão positiva contínua automática são pequenas máquinas ligadas a uma máscara facial que ajudam o paciente a respirar durante o sono, diminuindo os eventos respiratórios e reduzindo a sonolência durante o dia.

O que distingue este sistema do tradicional (CPAP) é que com o dispositivo de pressão positiva contínua automática o nível de pressão na via respiratória varia ao longo de cada ciclo respiratório durante o sono, de acordo com as necessidades de cada doente, sendo, por isso, mais confortável.

O trabalho em causa, liderado pela investigadora Marta Drummond, do Serviço de Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, avaliou 74 pacientes com apneia obstrutiva do sono moderada a grave, do sexo masculino. O risco cardiovascular dos pacientes foi avaliado antes e depois de se iniciar o tratamento com sistemas de pressão positiva contínua automática.

Os resultados revelaram que 63,5 por cento dos pacientes com apneia do sono sofrem também de síndrome metabólica - um conjunto de alterações (hipertensão arterial, obesidade, diabetes e dislipidemia) que «contribuem drasticamente» para o aumento do risco cardiovascular.

Após um período de seis meses de tratamento com pressão positiva contínua automática, a prevalência de síndrome metabólica no grupo em estudo desceu para os 47,3 por cento. Os pacientes apresentaram menos sonolência durante o dia e registaram correção dos eventos respiratórios durante o sono. O tratamento foi mais eficaz nos doentes com apneia menos grave e naqueles que cumpriram o uso de ventilação nocturna com maior rigor.

O estudo concluiu ainda que «a pressão arterial e os níveis de triglicerídeos tiveram uma redução estatisticamente significativa durante o período em análise. E mesmo entre os pacientes que mantiveram a síndrome metabólica houve uma redução dos critérios para diagnóstico do problema na ordem dos 20 por cento».

Os investigadores sustentam que neste trabalho «conseguiram-se maiores reduções na tensão arterial noturna e diurna do que em trabalhos realizados com sistemas de pressão contínua, fixa na via aérea, o que demonstra que o APAP é uma opção terapêutica válida e segura, para além de poder ser mais cómoda para o paciente».

De acordo com a investigadora Marta Drummond, a apneia do sono é uma patologia conhecida há relativamente pouco tempo (cerca de 40 anos) pelo que tende a ser desvalorizada.

No entanto, estudos demonstram que os pacientes com apneia obstrutiva do sono morrem mais de todas as causas, quer sejam doença cardiovascular ou acidente de viação.

Marta Drummond defende, por isso, que «tratar esta doença é ganhar anos e qualidade de vida». O estudo foi publicado recentemente na revista científica internacional «Sleep and Breathing».
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