Tancos: PJ teve conhecimento da denúncia anónima, mas o diretor não - TVI

Tancos: PJ teve conhecimento da denúncia anónima, mas o diretor não

  • CE
  • 21 mar 2019, 20:36
José Maria Almeida Rodrigues

A Polícia Judiciária soube da denúncia anónima quatro meses antes do furto nos paióis de Tancos, mas José Almeida Rodrigues, na altura diretor, afirma que nada soube. Disse ainda que ao longo da sua carreira já investigou “crimes de roubo ou furto melhor planeados”

A Polícia Judiciária (PJ) soube da denúncia anónima, quatro meses antes do furto nos paióis de Tancos, em 2017, quanto a um eventual furto de material militar, mas o então diretor nada soube, afirmou, esta quinta-feira, Almeida Rodrigues.

Esta explicação foi dada pelo ex-diretor nacional da PJ José Almeida Rodrigues, numa audição na comissão parlamentar ao furto de Tancos, afirmando que, como dirigente da PJ, tinha 21 diretores adjuntos, em quem confiava, e não acompanhou diretamente esta investigação.

A PJ teve conhecimento, eu, como diretor nacional, não”, afirmou aos deputados durante a reunião em que várias vezes alegou desconhecer pormenores sobre o processo, dado que não o acompanhava, como, por exemplo, o teor concreto da denúncia anónima recebida pela PJ, que foi “arquivada” e a que o juiz Ivo Rosa, de Lisboa, não deu seguimento.

Almeida Rodrigues remeteu mais esclarecimento para o então diretor, da Unidade Nacional de Contraterrorismo, Luís Neves, atual diretor da PJ, que será ouvido na próxima semana na comissão parlamentar de inquérito.

Na audição, Almeida Rodrigues disse ter sabido do furto, em junho de 2017, através de uma chamada do então diretor da Polícia Judiciária Militar, coronel Luís Vieira, no dia 28, para que fosse divulgada “às congéneres” da PJ a lista do material militar roubado.

Almeida Rodrigues diz que já investigou “crimes de roubo ou furto melhor planeados”

O ex-diretor da Polícia Judiciária (PJ) José Almeida Rodrigues alinhou, esta quinta-feira, na tese do amadorismo de quem roubou o material militar dos paióis de Tancos, em 2017, e afirmou que lhes faltou planeamento.

Alguém que deixa transparecer que vai praticar um furto ao ponto de chegar ao conhecimento das autoridades e, depois, a forma como o furto terá sido praticado, o local escolhido para a guarda das armas, tudo isso, faz crer que não terá havido um planeamento muito eficaz”, afirmou.

Almeida Rodrigues até fez uma ironia ao dizer que, ao longo da sua carreira, investigou “crimes de roubo ou furto um bocadinho melhor planeados”.

Na audição desta quinta-feira, o ex-diretor nacional da PJ (2008-2018) relativizou a tese de o furto poder estar ligado ao terrorismo internacional e admitiu que “o tempo veio dar razão ao SIS [Serviço de Informações de Segurança]” quando, em junho de 2017, decidiu manter como moderado o nível de ameaça no país.

Foi também nesta parte da reunião, em que sempre esteve de semblante carregado, que fez mais uma ironia, em resposta ao deputado bloquista João Vasconcelos: “Só faltaram os terroristas, o material militar havia… Desculpem…”

Questionado sobre a importância do roubo, Almeida Rodrigues qualificou-o de “extraordinariamente grave” e acrescentou que causou danos à entidade que foi alvo do furto, neste caso ao Exército.

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