Desistiram mais sete do mortal curso de comandos - TVI

Desistiram mais sete do mortal curso de comandos

Comandos

Só 23 militares deverão chegar ao fim do 127.º curso de Comandos que vitimou dois soldados. Exército admite introduzir “correções que forem consideradas necessárias”

Sexta-feira, 25 de novembro será o último dia do curso de Comandos e nenhum oficial irá conclui-lo. Neste início da última semana, restam “um sargento e 22 praças”, como confirmou à TVI24, o porta-voz do Exército, tenente-coronel Vicente Pereira.

Dos 67 militares que iniciaram o 127.º curso de Comandos no início de setembro, apenas 23 chegam assim à última semana, ou seja cerca de um terço, abaixo da média de 45% de eliminações e desistências registadas nos curso do regimento desta força especial do Exército.

A intenção do Exército é sempre de maximizar o número dos que acabam”, refere o porta-voz ouvido pela TVI24, que se abstém de mais considerações sobre o curso atual. Que poderá ser até o último, dado que a abertura de novas turmas está suspensa até que termine a inspeção técnica extraordinária pedida pelo general chefe do Estado-Maior, na sequência da morte dos soldados, Hugo Abreu e Dylan Silva, vitimados por um golpe de calor na primeira semana de treino.

"Introduzir correções consideradas necessárias"

Além do inquérito interno e do processo judicial que já constituiu nove arguidos, o Exército admite alterar procedimentos em futuros cursos de Comandos. Caso eles venham a continuar.

No final do curso vamos analisar os factos e os dados e introduzir as correções que forem consideradas necessárias”, salientou o porta-voz ouvido pela TVI24, que recusa tirar qualquer ilação sobre o facto de nenhum oficial se manter na formação: “O rigor e exigência é igual para todos e as desistências podem ocorrer por diversos motivos”.

No último mês e meio, mais sete militares desistiram do curso de Comandos. Logo após o treino de 4 setembro, que causou a morte dos dois soldados, outros 17 resolveram não voltar à formação. No caso, um oficial, quatro sargentos e 12 praças.

Depois, no final do mês de setembro, segundo contabiliza o jornal I, desistiram mais nove (um oficial, quatro sargentos e 12 soldados) e foram eliminados outros nove instruendos (um oficial e oito soldados). O curso prosseguiu então com apenas 30 alunos, que passaram a ser 23 no início desta última semana.

Processo em curso

Para apurar responsabilidades sobre a morte de dois soldados no 127.º curso de Comandos, o Ministério Público constituiu mais sete arguidos no passado fim de semana, após ter ouvido em outubro dois enfermeiros. Todos se mantêm com termo de identidade e residência a aguardar o culminar do processo judicial.

Entre os militares arguidos como eventuais responsáveis pelas mortes e lesões em instruendos do curso, o médico e capitão Manuel Onofre Domingues está indiciado por dois crimes de homicídio negligente. Terá obrigado quatro militares a rastejar até à ambulância depois de terem “desfalecido” durante o treino. Está suspenso de funções no regimento de Comandos e nas restantes unidades de saúde militares.

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