Sexto corpo encontrado a mais de 200 metros de distância da fábrica de pirotecnia - TVI

Sexto corpo encontrado a mais de 200 metros de distância da fábrica de pirotecnia

Há ainda duas pessoas desaparecidas em Avões, Lamego, e o perímetro das buscas voltou a ser alargado para os 1000 metros. Também o número de operacionais no terreno foi reforçado para 90. Explosivos que não rebentaram começam a ser retirados

Foi encontrado esta manhã mais um corpo no perímetro da fábrica de pirotecnia de Avões, Penajóia, no concelho de Lamego, que explodiu na terça-feira ao final da tarde, e causou, até ao momento, seis mortos e dois desaparecidos.

Este sexto cadáver encontrava-se a mais de 200 metros de distância do local, confirmou o secretário de Estado da Administração Interna, nesta quarta-feira, num balanço dos trabalhos à comunicação social.

Neste momento, aumentámos o perímetro de busca, uma vez que o último corpo encontrado foi a uma distância muito grande, que ultrapassa os 200 metros, o que quer dizer que temos de aumentar o perímetro de segurança para ver se encontramos as duas pessoas desaparecidas", disse Jorge Gomes.

Neste sentido, o perímetro de buscas foi já alargado aos 800 metros e posteriormente para os 1000 metros, de forma a serem encontradas as vítimas.

Foi uma explosão de uma dimensão incalculável e não há um perimetro que possamos definir. Vamos tentar que o terreno seja bem vistoriado", indicou o secretário de Estado.

Jorge Gomes explicou que as buscas estão a ser feitas pelos homens no terreno, a olho nu, não podendo, neste caso, haver recurso a meios técnicos.

Na tarde de quarta-feira, o número de operacionais no local subiu para 90, apoiados por 32 viaturas.

Temos, também, nove entidades no local - GNR, PSP, PJ, INEM, Proteção Civil, Bombeiros, Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), Institutos de Medicina Legal de Coimbra e do Porto, e a delegada de saúde", adiantou o governante.

Os corpos já encontrados estão a ser identificados, não havendo, ainda, um prazo para a sua devolução às famílias.

Depende das autoridades, que têm de trabalhar com a calma devida e com o respeito devido pelas famílias", esclareceu o secretário de Estado, lembrando que os familiares estão a receber tratamento psicológico desde o primeiro momento.

"Retirar escombros e explosivos"

No local, na tarde de quarta-feira, quando ainda faltava descobrir dois desaparecidos, o secretário de Estado da Administração Interna informou estar-se também a proceder à inativação de explosivos que estavam na fábrica de fogo de artifício.

Estamos a retirar escombros para retirar explosivos e há explosivos que ainda não explodiram e que vai ser necessário explodir. É uma operação de grande sensibilidade e dimensão", acrescentou Jorge Gomes.

O secretário de Estado reiterou ainda estar a ser feita a identificação dos corpos, "o mais rapidamente possível, para que depois sejam entregues à família", de forma a poderem fazer o seu luto.

[O processo de identificação dos corpos] vai levar tempo. Há muito fragmento de corpos espalhados e tudo isso leva o seu tempo, mas vamos continuar a trabalhar no grande desígnio que é para nós, neste momento, dar conforto às famílias, numa desgraça, que é receber o corpo do seu familiar", sustentou.

Trabalhavam na fábrica de pirotecnia o proprietário, a mulher, três filhas, três genros, uma sobrinha e dois funcionários. Na altura da explosão, a mulher e duas das filhas não estariam no paiol.

A explosão ocorreu cerca das 17:50 de terça-feira, destruindo a unidade situada a três quilómetros de Lamego.

O Presidente da República deslocou-se esta quarta-feira a Avões, tendo ficado impressionado com o local da explosão. Marcelo Rebelo de Sousa manifestou o pesar de todos os portugueses, pedindo às famílias para terem "um bocadinho mais de coragem" e agradecendo o trabalho das entidades no local.

Fábrica tinha sido inspecionada

A PSP revelou entretanto que a empresa de pirotecnia de Avões, Lamego, destruída na terça-feira por explosões que provocaram a morte a seis pessoas, foi inspecionada em 2016, “não tendo sido detetada qualquer desconformidade com a lei”.

A empresa Pirotecnia Egas Sequeira, Sociedade Unipessoal, Ld.ª, em que ocorreu o incidente, encontrava-se a laborar ao abrigo de uma autorização provisória do exercício da atividade, por força do previsto no Decreto-Lei n.º 87/2005, de 23 de maio. A referida empresa foi alvo de várias ações de fiscalização pelo Departamento de Armas e Explosivos da PSP, tendo a última ocorrido em 12.04.2016, não tendo sido detetada qualquer desconformidade com a Lei”, refere uma nota de imprensa da PSP enviada à agência Lusa.

 

 

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