Urgência de Coimbra em risco de falência por falta médicos - TVI

Urgência de Coimbra em risco de falência por falta médicos

  • CE
  • 4 dez 2019, 17:47

Vinte médicos especialistas em medicina interna enviaram declaração de responsabilidade à Ordem dos Médicos face à escassez das equipas nas urgências dos Hospitais da Universidade de Coimbra. Ordem alerta que não está só em causa "a capacidade de atendimento", mas também “o evidente risco clínico que poderá advir sobre os doentes"

Vinte médicos especialistas em medicina interna enviaram declaração de responsabilidade à Ordem dos Médicos face à escassez das equipas nas urgências dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), anunciou esta quarta-feira aquela associação profissional.

A Secção Regional do Centro (SRC) da Ordem dos Médicos (OM) alerta para a situação "incomportável" e "de extrema gravidade" no serviço de urgência dos HUC, que é “um dos maiores do país” e um dos polos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

A situação, afirma a SRC da Ordem, deve-se “às dificuldades em cumprir a escala de medicina interna”.

Para este serviço de urgência, as recomendações técnicas da OM “estipulam uma escala diária com um mínimo de cinco especialistas em medicina interna”, mas, “atualmente, e ao arrepio dessa recomendação, apenas estão três médicos internistas”, sublinha.

Para piorar a situação, a partir do dia 14 deste mês [de dezembro], numa das épocas mais críticas de afluência ao serviço de urgência, a equipa ficará reduzida para dois médicos internistas”, adianta a mesma nota.

A Ordem está a receber, desde o início da semana, declarações de responsabilidade dos médicos da urgência devido a esta “inédita carência de recursos humanos e que terá um impacto negativo direto na assistência aos doentes”, acrescenta a SRC da Ordem.

O excesso de trabalho, neste mês em que a afluência ultrapassa em muito a média diária anual, poderá conduzir à exaustão das equipas e à falência assistencial”, destaca o presidente da SRC da OM, Carlos Cortes, que “lamenta que a política de contratação de recursos humanos médicos para os HUC seja um absoluto desastre”.

A política de contratação de médicos nos HUC é “agravada pela péssima planificação de recursos humanos levada a cabo pelo Ministério da Saúde”, salienta ainda, citado na nota da SRC da OM, Carlos Cortes.

Não está em causa “só a capacidade de atendimento”, mas também “o evidente risco clínico que poderá advir sobre os doentes", adverte.

O grupo de vinte médicos chama à atenção para o facto de as equipas escaladas para a urgência não cumprirem “os mínimos recomendados pelo Colégio de Especialidade de Medicina Interna" e “explica em detalhe as condições em prestam cuidados de saúde”.

Isto é, explicitam os clínicos, "para os 465 doentes/dia, atendidos em média na urgência polivalente dos HUC, a equipa deveria ser composta, "no mínimo e em simultâneo, por cinco especialistas de medicina interna e dez outros médicos com autonomia clínica, no período de maior afluência".

Contactado pela agência Lusa, o CHUC informou que na quinta-feira deverá reagir a esta denúncia da Ordem.

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