Ordem dos Farmacêuticos diz que 35 horas semanais de trabalho só existem no papel - TVI

Ordem dos Farmacêuticos diz que 35 horas semanais de trabalho só existem no papel

  • JFP
  • 27 jun 2019, 14:30
Saúde

Segundo a bastonária, eram precisos oito farmacêuticos para garantir que o serviço não passava a “linha vermelha” em termos de condições de funcionamento, sendo que até agora apenas entraram dois

A Ordem dos Farmacêuticos (OF) garante que as 35 horas semanais de trabalho só existem no papel, adiantando que os profissionais trabalham muito além disso e têm “milhares de horas” acumuladas em bolsas de horas.

Num retrato sobre a passagem para as 35 horas semanais de trabalho que ocorreu há um ano, a bastonária dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins, disse que os serviços farmacêuticos dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde “pouco ou nada” sentiram em termos de reforço de pessoal.

O retrato da OF apontava no ano passado para a necessidade de 150 farmacêuticos e de número idêntico de técnicos de diagnóstico para os serviços farmacêuticos hospitalares.

Estamos mais ou menos na mesma. Aconteceu quase nada”, afirmou Ana Paula Martins à agência Lusa.

A representante dos farmacêuticos deu o exemplo do Centro Hospitalar de São João, que no início deste ano alertava para a necessidade de encerramento dos serviços farmacêuticos durante a noite por falta de pessoal, deixando também de poder dar apoio noturno a grande parte da região.

Segundo Ana Paula Martins, eram precisos oito farmacêuticos para garantir que o serviço não passava a “linha vermelha” em termos de condições de funcionamento, sendo que até agora apenas entraram dois.

A bastonária criticou a falta de planeamento de recursos humanos no Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente para suprir a passagem ao regime das 35 horas de trabalho semanais.

As pessoas trabalham muito mais do que antes trabalhavam. Acumulam milhares de horas nas bolsas de horas. Não trabalham sequer 40 horas semanais, trabalham mais que isso. E não podem tirar as horas em bolsa de horas, porque não podem”, declarou à Lusa, indicando que continua a haver casos em que não há substituição de trabalhadores em licenças de parentalidade, por exemplo.

Ana Paula Martins lamenta que não tenha havido nenhum “plano de contingência” para assegurar a passagem às 35 horas de trabalho e critica a falta de uma gestão adequada de recursos humanos e da sua reorganização.

A saúde é uma área onde as pessoas, os doentes, pagam com a vida os erros”, avisou.

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