Milagre da Irmã Lúcia, procura-se - TVI

Milagre da Irmã Lúcia, procura-se

«Beatificação já»

A canonização da pastorinha precisa de mais um milagre para prosseguir. O processo está parado

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O cardeal Saraiva Martins, Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, disse que o processo de canonização da irmã Lúcia precisa de um milagre.

O cardeal revelou este domingo em Fátima que existem abertos na Santa Sé 2.200 processos de beatificação ou canonização de católicos, entre os quais estão os dos Pastorinhos, onde se inclui a Irmã Lúcia.

33 pedidos de santos portugueses

Destas 2.200 causas de santificação, 33 são portuguesas, revelou o cardeal que admitiu a dificuldade em confirmar o segundo milagre que sustenta o processo de canonização dos Pastorinhos Jacinta e Francisco Marto.

O alegado milagre, envolvendo uma eventual cura de diabetes, não está devidamente fundamentado para ser considerado como existindo intervenção divina. «O processo não está parado mas a cura considerada miraculosa», segundo o «parecer dos médicos da Congregação para a Causa dos Santos, não pode ser considerada um milagre».

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O processo de canonização foi aberto devido a um segundo milagre, alegadamente verificado durante a cerimónia de beatificação dos Pastorinhos, em Maio de 2000, e que envolvia uma criança doente com diabetes.

Na ocasião, a mãe, emigrante portuguesa na Suíça, segurou o filho enquanto assistia, pela televisão, às cerimónias de beatificação, presididas por João Paulo II.

No entanto, existem dois tipos de diabetes - só um é considerado incurável - e com a documentação médica recolhida pelos especialistas do Vaticano «não parece claro qual o tipo de doença», explicou D. Saraiva Martins.

A Congregação conta com 60 médicos especialistas que dão pareceres sobre as alegadas curas, indicando se existe «alguma explicação científica» para esses casos.

«Para ser considerado inexplicável, a cura tem de ser instantânea, completa e duradoura», explicou D. José Saraiva Martins, que comentou ainda os processos referentes à Irmã Lúcia e ao Beato Nuno, o Condestável.

No caso da irmã Lúcia, o processo foi aberto em Fevereiro deste ano - dispensando os prazos canónicos que impunham um mínimo de cinco anos após a morte para o início dos procedimentos - mas o caso continua na Diocese de Coimbra onde a última vidente de Fátima faleceu.

Outros santos

Já no processo de canonização do Beato Nuno, D. Saraiva Martins revelou que os médicos estão a ultimar a análise do alegado milagre, uma cura aparentemente miraculosa de cegueira em Ourém, encaminhando o processo para os teólogos.

A abertura de um processo de beatificação não garante o sucesso desta reivindicação dos crentes, até porque existem muitos casos de figuras da história da Igreja que nunca conseguiram provar a sua santidade perante a Congregação para a Causa dos Santos.

Em muitos destes casos, os promotores têm de fundamentar a continuação dos trabalhos, pedindo autorização para tal à Congregação, explicou o cardeal.

Após a declaração de abertura do processo por parte da Diocese onde a pessoa faleceu, será necessário uma declaração de venerabilidade, reconhecendo as suas virtudes heróicas, refere a legislação canónica.

Depois, terá de haver uma certificação do milagre que justifica a beatificação por uma comissão médica, constituindo-se em seguida um tribunal eclesiástico na Dioceses, que recolhe testemunhos e compõe um dossier sobre a sua vida.

Posteriormente, o processo será enviado para a Congregação para a Causa dos Santos, que pede novos relatórios e depois remete o caso para o Colégio dos Teólogos, com cerca de 30 cardeais ou bispos.

Só no final, caso todos os passos sejam cumpridos com sucesso, o processo será enviado ao Papa, que terá a responsabilidade de promulgar a beatificação.
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