UE não pode "continuar a fazer do Mediterrâneo a vala comum" dos migrantes - TVI

UE não pode "continuar a fazer do Mediterrâneo a vala comum" dos migrantes

Crise de migrantes na ilha grega de Kos [Reuters]

Em Fátima, bispo das Forças Armadas exorta a União Europeia a deixar de invocar falta de recursos e defende que a xenofobia deveria ser considerada crime contra a Humanidade

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O bispo das Forças Armadas e de Segurança exortou, nesta quinta-feira, a União Europeia a deixar de alegar falta de recursos para continuar a fazer do Mediterrâneo uma vala comum e defendeu que a xenofobia deveria ser considerada crime contra a Humanidade.

“Deixe-se de invocar falta de recursos por parte da União Europeia – ela que até os esbanja em ações não muito éticas – para se continuar a fazer do Mediterrâneo a vala comum onde se sepultam os transportados, como alguém dizia, nas obsoletas carretas funerárias”, pediu Manuel Linda, na missa de encerramento da peregrinação dos migrantes ao Santuário de Fátima, distrito de Santarém.

Defendendo que a xenofobia e o racismo deveriam ser considerados crimes contra a Humanidade, o bispo criticou ainda os “muros” que se erguem contra os imigrantes.

“Chega de muros de cimento armado e de mentalidades que se isolam e se fecham ao exterior, basta de cimeiras para descortinar formas de impedir que os povos da fome se aproximem da nossa casa, apenas para apanharem as migalhas que caem da nossa mesa”, reclamou, apelando para não mais se travar caminho “aos que fogem à carnificina horrorosa e bárbara dos que matam em nome de uma fé”.

O bispo das Forças Armadas e de Segurança apontou, igualmente, a necessidade de se arranjarem formas de “vedar definitivamente a possibilidade de se viver à base do sangue sugado ao trabalhador escravizado”.

A este propósito, Manuel Linda citou o papa Francisco que, face à globalização do fenómeno migratório, disse ser necessário “responder com a globalização da caridade e da cooperação, a fim de se humanizarem as condições dos migrantes”.

“Ao mesmo tempo, é preciso intensificar os esforços para criar as condições aptas a garantirem uma progressiva diminuição das raízes que impelem populações inteiras a deixar a sua terra natal devido a guerras e a carestias”, refere a mensagem do papa para a Jornada Mundial do Migrante e Refugiado.

Reconhecendo que “estas questões não são de fácil solução, nem esta solução passa por se abrirem as fronteiras de forma indiscriminada”, Manuel Linda salientou, contudo, que se tem “o direito de exigir aos políticos do mundo soluções sérias e sustentáveis” e apelou à necessidade de se “criar e difundir uma nova mentalidade”, a do “projeto universal de Deus que se há de sobrepor aos regionalismos, às barreiras humanas, aos nossos egoísmos e a esta impossibilidade mental de diminuir um bocadinho o nosso bem-estar para que outros sejam promovidos no mínimo de bem-estar”.

Aos emigrantes que se encontram no santuário, o bispo pediu para que levem aos países onde estão radicados “esta verdadeira evangelização”, que a Igreja “não possui fronteiras”, e levem “a luz da fé e de uma mentalidade mais humanizada”.

O prelado agradeceu ainda aos missionários, religiosos e leigos que ajudam os emigrantes, mas também a “todas as organizações que no Mediterrâneo e no Médio Oriente ajudam a salvar vidas e, entre elas, também estão as forças de segurança e as Forças Armadas de Portugal, mormente a sua Marinha e a sua Força Aérea”.
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