Francisco e Jacinta já são santos - TVI

Francisco e Jacinta já são santos

  • 13 mai 2017, 10:07

São as duas primeiras crianças não mártires a ser elevadas à categoria de santos pela Igreja Católica. Papa Francisco presidiu à missa no santuário de Fátima

O Papa Francisco canonizou às 10:26 deste sábado, no santuário de Fátima, os pastorinhos Jacinta e Francisco Marto.

O Sumo Pontífice disse que os novos santos são um exemplo e elogiou Nossa Senhora de Fátima que, a partir de um “esperançoso Portugal”, abençoou a Igreja Católica há cem anos.

“Como exemplo, temos diante dos olhos São Francisco Marto e Santa Jacinta, a quem a Virgem Maria introduziu no mar imenso da Luz de Deus e aí os levou a adorá-Lo”, afirmou Francisco na homilia da eucaristia, que encerra a peregrinação de maio à Cova da Iria, já depois da cerimónia de canonização.

Para o Papa, “daqui lhes vinha a força para superar contrariedades e sofrimentos”, destacando que “a presença divina tornou-se constante nas suas vidas”.

Antes, Francisco recordou os acontecimentos de 13 de maio de 1917 e o relato de Jacinta de que tinha visto a Virgem.

“A Virgem Mãe não veio aqui para que a víssemos. Para isso teremos a eternidade inteira, naturalmente, se formos para o Céu. Mas Ela, antevendo e advertindo-nos para o risco do Inferno onde leva a vida – tantas vezes proposta e imposta – sem-Deus e profanando Deus nas suas criaturas, veio lembrar-nos a Luz de Deus que nos habita e cobre."

Francisco referiu-se, de novo, à Mensagem de Fátima e às palavras da irmã Lúcia: “E, no dizer de Lúcia, os três privilegiados ficavam dentro da Luz de Deus que irradiava de Nossa Senhora. Envolvia-os no manto de Luz que Deus Lhe dera."

Para Francisco, “no crer e sentir de muitos peregrinos, se não mesmo de todos, Fátima é sobretudo este manto de luz”.

Um manto que "nos cobre, aqui como em qualquer outro lugar da Terra quando nos refugiamos sob a proteção da Virgem Mãe”, frisou, pedindo aos “queridos peregrinos” que, agarrados à Virgem, vivam “da esperança que assenta em Jesus”.

Aos milhares de fiéis, o Papa Francisco expressou ainda o desejo de que “seja esta esperança a alavanca da vida de todos”.

“Com esta esperança, nos congregamos aqui para agradecer as bênçãos sem conta que o Céu concedeu nestes cem anos, passados sob o referido manto de Luz que Nossa Senhora, a partir deste esperançoso Portugal, estendeu sobre os quatro cantos da Terra."

Antes, o Papa Francisco fez um minuto de oração junto aos túmulos dos pastorinhos Jacinta e Francisco Marto, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. 

Estas são as duas primeiras crianças não mártires a ser elevadas à categoria de santos pela Igreja Católica.

O Papa fez ainda uma oração junto ao túmulo da irmã Lucia.

As "boas obras" de Francisco e Jacinta

O bispo de Leiria-Fátima pediu ao Papa para canonizar Francisco e Jacinta Marto, evocando os traços de espiritualidade dos dois irmãos, que os leva a ser "espelho da luz de Deus na prática das boas obras".

Na petição e apresentação da biografia dos novos santos, António Marto disse que “os traços de espiritualidade dos dois irmãos assumem uma vocação inseparavelmente contemplativa e compassiva, que os leva a ser espelho da luz de Deus na prática das boas obras”.

“Santo Padre, pede a Santa Mãe Igreja que Vossa Santidade inscreva os Beatos Francisco Marto e Jacinta Marto no Catálogo dos Santos e, como tais, sejam invocados por todos os cristãos”, disse o prelado.

O bispo de Leiria-Fátima recordou, também, que os dois pastorinhos “cresceram num ambiente familiar e social modesto, profundamente cristão". "A sua educação cristã simples, mas sólida, teve como principais agentes seus pais, que foram para eles um exemplo de fé comprometida, de respeito por todos, de caridade para com os pobres e os necessitados”, acrescentou.

“Em 1916, na primavera, no verão e no outono, veem o Anjo da Paz. Entre maio e outubro de 1917, em cada dia 13 (em agosto, no dia 19) foram visitados pela Virgem Maria, a Senhora do Rosário. Na primeira aparição, em 13 de maio de 1917, a Santíssima Virgem fez-lhes um convite: ‘Quereis oferecer-vos a Deus?’. Com sua prima, Lúcia, responderam: ‘Sim, queremos’. A partir dessa data viveram as suas vidas entregues a Deus e aos Seus desígnios de misericórdia."

O bispo aludiu ainda ao “jeito pacífico e sereno” de Francisco e ao “caráter carinhoso e expansivo” de Jacinta.

“Recentemente, Vossa Santidade autorizou que a Congregação Para as Causas dos Santos promulgasse o decreto do milagre atribuído à intercessão dos Beatos Francisco e Jacinta. Por fim, no consistório de 20 de abril deste ano, Vossa Santidade estabeleceu a data da canonização destes mais jovens beatos da história da Igreja para este dia 13 de maio de 2017, durante a peregrinação ao Santuário de Fátima, na celebração do Centenário das Aparições da Santíssima Virgem, Senhora do Rosário”, recordou.

O encontro com Costa

Francisco saiu às 9:35 da Casa Nossa Senhora do Carmo, Fátima, depois do encontro com o primeiro-ministro, António Costa.

O encontro terá durado aproximadamente 30 minutos. Nele, o primeiro-ministro expressou a vontade de Portugal colaborar na promoção dos valores da proteção dos mais frágeis, como o acolhimento aos refugiados, a promoção da paz nas instâncias internacionais e o desenvolvimento de África.

António Costa contou aos jornalistas que levou "uma palavra de respeito, de gratidão" pela visita, mas também "a vontade de Portugal, enquanto Estado em colaborar na promoção daqueles valores que têm sido causas importantes" para Francisco, "designadamente a proteção dos seres humanos que estão numa situação mais frágil".

"O apoio que temos dado aos refugiados, a grande preocupação que o Santo Padre tem revelado relativamente à necessidade de desenvolvimento do continente africano e as responsabilidades que Portugal tem nessa matéria, a colaboração para a paz em todo o mundo e a construção quer ao nível das Nações Unidas, quer ao nível sobretudo da União Europeia, de novas uniões de valores para defesa da dignidade da pessoa humana", relatou António Costa sobre os temas falados no encontro.

Depois do encontro, o Papa saiu num carro escuro, mas parou para benzer um bebé que estava nas imediações. Seguiu depois, com a janela aberta, a saudar os peregrinos que o aguardavam.

Também à entrada da basílica, o Papa Francisco esteve junto a bebés e recebeu uma oferta de uma criança.

O primeiro-ministro estava acompanhado pela mulher e saudou os populares à saída, dirigindo-se para a colunata sul do Santuário de Fátima, onde assiste à missa junto ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Uma família de refugiados

O Papa esteve ainda com uma família de oito refugiados iraquianos de origem palestiniana que vivem na Batalha.

A família de refugiados formada por oito pessoas oriundas do Iraque entrou na casa onde o líder da Igreja Católica pernoitou juntamente com membros do Governo.

O Papa já conheceu a família em 2016 num campo de refugiados perto de Roma, durante a semana santa pascal.

Sensibilizado pela história da família, que inclui fugas da Palestina para o Iraque (em 1954) e da Síria para a Europa, que incluiu um percurso marítimo até à ilha italiana de Lampedusa, o Papa manteve o contacto com os refugiados que vivem hoje na Batalha, perto de Fátima.

Apesar de muçulmanos, a família tem uma grande devoção a Nossa Senhora por ser mãe de Jesus Cristo, considerado um dos profetas do islão, precursor de Maomé.

Depois de conseguir o estatuto de refugiados o estatuto de refugiados em Itália, foram selecionados num programa de realojamento da União Europeia e estão hoje a viver na Batalha.

Mensagem no Twitter

Durante a manhã, o Papa Francisco não deixou de publicar uma mensagem no Twitter relacionada com a sua peregrinação a Fátima.

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